O governo conseguiu na noite desta quarta-feira uma vitória, aprovando por 308 votos a 141 e duas abstenções o recurso do PT contrário à instalação da CPI do Apagão Aéreo. Terá que aguardar, no entanto, a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a questão. Depois de duas semanas de desentendimentos e agressões verbais, a oposição – que prometia obstruir de forma sistemática a votação em plenário – acabou concordando em fazer um acordo de procedimento, retirou requerimentos protelatórios e permitiu acelerar a votação do recurso.

Logo depois de anunciar o resultado, o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), avisou que o requerimento de CPI seria arquivado. Não houve maiores manifestações, e apenas o líder do PT, Luiz Sérgio (RJ), comemorou de forma mais enfática. Ironicamente, alguns deputados da oposição aplaudiram o resultado. Em seguida, Chinaglia encerrou a sessão e convocou outra para amanhã, às 14h, com as medidas provisórias e projetos pautados nesta quarta-feira.

Todos os partidos da base aliada, com exceção do PV, encaminharam a favor da não instalação da CPI. O PDT, que vinha defendendo a CPI, mudou a orientação.

– Viemos até esse momento sustentando a necessidade de CPI. Não renunciamos à necessidade absoluta de investigação dos fatos. O Supremo Tribunal Federal vai decidir. Não temos nenhum problema em votar contra e não estamos descarregando na Executiva essa decisão. Firmou-se a convicção na bancada que isso virou um jogo político – justificou o líder do PDT Miro Teixeira (RJ), anunciando o voto a favor do recurso do PT.

Os partidos de oposição (PSDB, PFL e PPS) têm agora como alternativa tentar criar uma CPI mista (com o Senado) ou torcer por uma resposta positiva do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o pedido de liminar que fizeram para garantir a criação da CPI na Câmara. Segundo o site G1, a expectativa é que o STF se manifeste na semana que vem.

O recurso do PT foi aprovado em plenário depois que a base do governo venceu a resistência da oposição na tentativa de protelar a votação. Percebendo que dificilmente evitaria uma vitória do governo, a oposição aceitou um acordo e decidiu retirar os requerimentos que podiam levar a votação do recurso até a madrugada desta quinta-feira. Em troca, conseguiu a garantia de que a votação fosse "nominal", ou seja, com o registro de como cada deputado votou sobre o assunto.

Enquete realizada pelo clicRBS perguntou aos internautas qual sua posição em relação à criação de uma CPI do Apagão Aéreo. Mais de 64% dos participantes afirmaram que uma investigação seria realmente necessária para investigar a crise na aviação brasileira, em especial os atrasos em vôos. Os 36% restantes responderam que a CPI seria apenas uma manobra da oposição para desestabilizar o governo.

As enquetes do clicRBS não têm valor científico, e são realizadas apenas para aferir a opinião dos internautas que acessam o site.

AGÊNCIA O GLOBO E AGÊNCIA CÂMARA