Oferecendo informações a destacados ministros de seu gabinete um dia antes de divulgar um esperado dossiê sobre programas de armas do Iraque, o primeiro-ministro britânico, Tony Blair, garantiu que relatórios de inteligência deixam claro que Saddam Hussein continua a desenvolver armas de destruição em massa, informou um porta-voz do governo britânico.

– A verdade é que a política de contenção não funcionou. Ele (Saddam) tem sido capaz de fazer progressos em seus programas de armas e tem de ser parado – teria dito, segundo o porta-voz, o primeiro-ministro na reunião especial de seu gabinete na noite desta segunda-feira, 23 de setembro.

Blair enfrenta resistências dentro de seu gabinete em relação a uma possível ação militar liderada pelos Estados Unidos contra o Iraque, e convocou o os ministros para informá-los sobre o dossiê que supostamente aponta os perigos representados por Saddam. O porta-voz, que pediu para não ser identificado, não comentou se as resistências emergiram durante a reunião de gabinete.

O primeiro-ministro vai tentar reduzir a oposição à ação militar enfatizando a necessidade de se tentar continuar tratando a questão do desarmamento do Iraque através da ONU. Falando a repórteres após o encontro, o secretário das Relações Exterioriores britânico, Jack Straw, disse:

– Temos claro que a responsabilidade de lidar com a ameaça apresentada por Saddam é tal que se apóia honestamente nos ombros das Nações Unidas. Estamos trabalhando com nossos parceiros no Conselho de Segurança.

Blair afirmou que o dossiê de 50 páginas, elaborado a partir de últimos dados de inteligência, mostra que "problemas reais e sérios" dos programas de armas do Iraque pioraram nos quatro anos desde que foram suspensas as visitas dos inspetores da ONU.

– Não existe qualquer dúvida de que, apesar das negativas, apesar das sanções, apesar das resoluções do Conselho de Segurança da ONU, ele continua com seu programa de armas de destruição em massa. Não estamos falando de restos históricos, mas de um programa em curso, contínuo – teria dito Blair.

Blair tem apoiado firmemente a dura posição do presidente americano, George W. Bush, em relação ao Iraque, mas tem enfrentado oposição dentro de seu próprio Partido Trabalhista e entre o público em geral a uma ação militar sem a aprovação da ONU.