O presidente da Argentina, Néstor Kirchner, reconheceu hoje que o Mercosul atravessa dificuldades, mas disse que a integração regional é uma ferramenta para proteger a soberania dos países sul-americanos.

– Temos que reconhecer as dificuldades de algumas indústrias dos Estados-membros do Mercosul. Temos uma necessidade inadiável de conseguir maiores compromissos comuns para solucionar estes problemas – disse Kirchner na sessão plenária da Cúpula do Mercosul, realizada no Rio de Janeiro.

O líder argentino admitiu que o bloco tem uma "agenda inconclusa", como um "disciplinamento dos incentivos à produção e ao investimento" aplicados pelos diferentes países e "que são, em parte, responsáveis pelas diferenças" entre as economias do bloco.

Kirchner disse que também deve ser feita uma revisão da Tarifa Externa Comum (TEC) para alguns setores produtivos, e que a coordenação das políticas macroeconômicas precisa avançar. Apesar das dificuldades, o líder peronista disse que "tem que ficar claro que nossa soberania passa por esta aliança regional". Neste sentido, pediu a seus colegas que seja estabelecida uma "agenda política e ideológica de acordo com o novo cenário internacional".

Afirmou que a "região se abre a um novo capítulo político" com as recentes vitórias eleitorais de Luiz Inácio Lula da Silva, Hugo Chávez (Venezuela) e Rafael Correa (Equador). Segundo Kirchner, os triunfos desses presidentes nas urnas demonstram a "disposição dos povos para a mudança, a justiça social e a distribuição da renda". Kirchner destacou que a entrada da Venezuela ao Mercosul como membro pleno e o pedido da Bolívia para ter o mesmo status fazem do bloco "um pólo de atração" e uma "verdadeira esperança para o continente".

O Mercosul, acrescentou, é "um motor de consolidação da democracia" mediante a estabilização política da região.