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 | 02/09/2002 11h26min

Líderes mundiais discutem fim de apartheid global na Rio+10

O presidente da África do Sul,Thabo Mbeki, recebeu na segunda-feira, dia 2, os líderes mundiais em Johanesburgo com um apelo para que eles acertem as diferenças em torno de um plano de ação para acabar com o que ele chama de "apartheid global,'' ou seja, o abismo entre os ricos e os bilhões de pobres do mundo. Os ministros que negociam esse acordo passaram a noite discutindo detalhes, com poucos avanços. As negociações foram retomadas às 11h (6h em Brasília), e os participantes se dizem otimistas quanto a um acordo entre União Européia e Estados Unidos a respeito da promoção de metas para o uso de energia renovável.

A "Rio+10'', que acontece em Johanesburgo até quarta-feira, dia 4, foi convocada pela ONU para traçar um balanço dos dez anos da conferência ambiental Rio-92, com ênfase no combate à pobreza e manutenção do meio ambiente.

– A questão está nas mãos de todos nós, que estamos reunidos aqui – disse Mbeki no luxuoso centro de convenções de Sandton, onde acontece a cúpula. – Nada justificaria o fracasso da nossa parte em responder às expectativas.

Mais tarde, crianças de todo o planeta, algumas nascidas no ano da cúpula do Rio, exigiram ação e criticaram os governantes por sua falta de iniciativa em benefícios das futuras gerações.

Os Estados Unidos e a Opep se opõem à proposta da União Européia para substituir parte do consumo de petróleo e gás natural por fontes renováveis de energia, como o sol e o vento. O chanceler alemão, Gerhard Schroeder, saiu em defesa da energia renovável. O tema está em pauta na sua campanha para a reeleição na Alemanha, especialmente depois que grande parte da Europa foi inundada no mês passado. Muitos especialistas atribuem as enchentes ao aquecimento global provocado pela queima de combustíveis fósseis.

Os Estados Unidos, representados não por seu presidente, mas pela subsecretária de Estado Paula Dobriansky, se opõem a qualquer tipo de meta para a redução da pobreza e preservação do meio ambiente, por considerá-las inúteis. Em vez disso, o país defende programas de parceria entre governos, empresas e ONGs. O impasse pode ser resolvido com a intermediação do secretário-geral da ONU, Kofi Annan, que fez um discurso apontando ao seu redor, para os 13 milhões de pessoas que passam fome no sul da África, a fim de ilustrar a ameaça da pobreza contra o mundo.

A maior parte do plano de ação da ONU já está acertada, inclusive com a inclusão de algumas metas afinal aceitas pelos Estados Unidos. São temas como fornecimento de água e esgoto, preservação florestal e combate à Aids. A agenda da segunda-feira prevê discursos do presidente francês, Jacques Chirac, do primeiro-ministro japonês, Junichiro Koizumi, e do vice-primeiro-ministro iraquiano, Tareq Aziz. A ameaça de ataque dos Estados Unidos contra o Iraque deve ser discutida, mas só nos bastidores.

Na quarta-feira, dia 4, quando a maioria dos governantes já tiver partido, chegará o secretário de Estado dos EUA, Colin Powell, para um discurso. A última decisão da cúpula foi estabelecer a meta de reduzir pela metade até 2015 o número de pessoas que vivem sem saneamento básico, que hoje é de 2,4 bilhões de pessoas – 40% da população mundial.

Os Estados Unidos se opunham a essa meta, pois consideram-na redundante em relação a outra proposta da ONU, a de reduzir pela metade até 2015 o número de pessoas que vivem com menos de 1 dólar por dia – 1,2 bilhão. Muitos ativistas dizem que falta vontade política para pôr em prática essa meta, ainda mais conciliando-a com a preservação do meio ambiente. As informações são da agência Reuters.

 
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