Com uma bandeirinha branca nas mãos, simbolizando a paz, a menina Francy Lorena Erazo, de apenas três anos, foi entregue na noite de quarta-feira na casa de seus país, em Colón, depois de passar duas semanas em poder da guerrilha Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).

A menina e sua babá, Marcela Naspirán, foram seqüestradas no caminho para o jardim de infância, no dia 18 de julho, para forçar a renúncia do pai de Francy, o prefeito de Colón, no sul da Colômbia, Libardo Erazo.

– Praticamente, é um novo começo – disse Erazo, cuja renúncia não foi aceita oficialmente, até a noite desta quinta-feira, 1º de julho, pelo governador do departamento (Estado) de Putumayo.

Para o presidente colombiano, Andrés Pastrana, a libertação de Francy e de Marcela é um gesto positivo da guerrilha para solucionar o problema dos seqüestros no país. A Colômbia é recordista mundial de seqüestros, com 3 mil casos por ano.

Erazo divulgou pela imprensa as ameaças da guerrilha contra todos os prefeitos do país que permanecerem em seus cargos. Outros prefeitos colombianos estão sendo intimidados pelas Farc a deixarem seus cargos. Esta semana, a guerrilha seqüestrou o marido da prefeita de Carlosama, também para forçar sua renúncia.

Numa tentativa de evitar o abandono das prefeituras, Pastrana prometeu mais segurança para os prefeitos e pediu para que resistam às ameaças dos rebeldes. O grupo rebelde ativo mais antigo e numeroso do país, com cerca de 17 mil combatentes, as Farc pediram em junho que os 1.097 prefeitos colombianos renunciassem, sob pena de serem mortos ou seqüestrados. A guerrilha disse que as ameaças aos prefeitos eram feitas em represália pela decisão de Pastrana, adotada em fevereiro, de suspender as negociações de paz com as Farc.

As negociações, que duravam três anos, visavam o fim da guerra civil que já dura 38 anos e que deixou 40 mil mortos na última década.