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Abalos nos Estados Unidos ameaçam o Brasil

A crise de confiança deflagrada pelos escândalos contábeis nos Estados Unidos ameaça complicar mais o já difícil fechamento das contas externas verde-amarelas. Isso significa que a desvalorização do real enfrentará pressões ainda maiores nos próximos meses. As fraudes que afugentaram parte dos investidores do mercado de capitais norte-americano têm potencial para, ao mesmo tempo, reduzir o ingresso e aumentar a saída de dólares do Brasil, advertem analistas. Mas há oportunidades, como a chance de aumentar as exportações para a Europa.

O risco de prejuízo é maior, porque também pode haver queda nas vendas brasileiras para os EUA. O professor Paulo Nogueira Batista Júnior, que há anos aponta os perigos da excessiva dependência brasileira de recursos externos, teme os efeitos de uma queda livre do dólar. A moeda já foi ultrapassada pelo euro, que na sexta-feira fechou a US$ 1,01. Conforme Júlio Sergio Gomes de Almeida, diretor executivo do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), o efeito benéfico da crise nos Estados Unidos é o ganho de competitividade dos produtos brasileiros na Europa. Mas essa vantagem não compensa os prejuízos, considera Almeida. A professora Virene Matesco, da Escola de Pós-Graduação em Economia (EPGE) da Fundação Getúlio Vargas (FGV), destaca que as importações ficam mais caras para os norte-americanos, o que prejudica as vendas brasileiras. Cerca de um terço dos produtos Made in Brazil embarcam para os EUA. Outro terço vai para os 15 países da União Européia.

Em tese, pondera Reinaldo Gonçalves, professor de Economia Internacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a desconfiança com os balanços de empresas dos EUA poderia forçar um reposicionamento dos investimentos de portfólio – em ações e em títulos privados e públicos. Mas é pouco provável que o Brasil fosse beneficiado nesse rearranjo, principalmente em razão da forte turbulência interna. Enquanto no resto do mundo o dólar se desvaloriza, no mercado nacional está em alta. O presidente da Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e da Globalização Econômica (Sobeet), Antônio Corrêa de Lacerda, afirma que até agora o investimento externo direto está “absolutamente dentro do previsto” – isto é, já entraram US$ 8 bilhões. A Sobeet estima para este ano US$ 17 bilhões a US$ 18 bilhões, bem abaixo dos US$ 22,6 bilhões de 2001. Lacerda destaca que a crise na América Latina compromete o Brasil, que recebeu muitos recursos espanhóis nos últimos anos – 18,6% do total. Como a situação da Argentina e dos demais países da região afetou a capacidade de investimento, esse pode ser mais um torniquete nas expectativas brasileiras.

MARTA SFREDO
 
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