O primeiro-ministro francês, Lionel Jospin, anunciou que vai abandonar a vida política depois do segundo turno das eleições presidenciais. Ele assumiu total responsabilidade pelo fracasso no primeiro turno. Jospin afirmou que a derrota é um desastre e um sinal preocupante para a França e a democracia. Líderes socialistas declararam que o partido deve apoiar o presidente Jacques Chirac no segundo turno para evitar a vitória do líder da extrema-direita Jean-Marie Le Pen.

Já foram apurados 90% dos votos das eleições realizadas neste domingo, dia 21. Chirac está em primeiro lugar com 19,61% dos votos. O segundo colocado é Le Pen, com 17,13. Jospin tem 15,99%. Chirac e Le Pen devem disputar o segundo turno da eleição no dia 5 de maio.

A apatia dos eleitores – o índice de abstenção ficou em 28% – e o crescente sentimento de insegurança dos franceses em relação à criminalidade no país parecem ter impulsionado a candidatura de Le Pen, defensor de uma virulenta política anti-imigração – ele já foi inclusive acusado de anti-semitismo. Visivelmente abalado, Jospin não demorou a jogar a toalha.

Ao contrário da calma que caracterizou a campanha eleitoral no primeiro turno, o segundo poderá ser marcado pela virulência. Inimigos há tempos, Le Pen diz que Chirac é um "supermentiroso" e o acusa de "ter mantido a esquerda no poder durante 20 anos". Fundador e presidente da Frente Nacional, partido que historicamente culpou imigrantes pelo alto índice de desemprego no país e o aumento da violência urbana.

Em 1987, por exemplo, durante uma entrevista, Le Pen disse que o holocausto tinha sido apenas um "detalhe histórico". Esta é a terceira vez que o político concorre à presidência. O resultado da eleição alertou a comunidade internacional para o crescimento da direita na Europa " nas últimas eleições em Portugal, Itália, Áustria e Espanha, por exemplo, a esquerda foi varrida do mapa do poder.

Neste domingo, a ZDF, emissora de televisão estatal alemã, disse que a ascensão de Le Pen é "um sinal de alerta para toda a Europa."

– A presença de um xenófobo no segundo turno era inimaginável num país que se indignou quando Joert Haider assumiu o governo austríaco – disse um dos analistas da emissora.