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 | 30/11/2005 14h53min

CPI dos Bingos aprova quebra de sigilos de assessor de Palocci

Senadores não se convenceram com as explicações dadas ontem

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos aprovou hoje a quebra de sigilos bancário, telefônico e fiscal dos últimos cinco anos de Ademirson Ariovaldo da Silva, assessor especial do ministro da Fazenda, Antonio Palocci.

Na terça, Ademirson Ariovaldo da Silva, assessor especial do ministro da Fazenda, Antonio Palocci, admitiu ontem em depoimento à CPI dos Bingos que os integrantes da chamada República de Ribeirão Preto ligavam para seu telefone, entre outras razões, para tentar falar com o ministro. A comissão descobriu, na análise da quebra de sigilo telefônico de ex-assessores de Palocci na prefeitura, cerca de 2,3 mil chamadas feitas do número de Ademirson ou recebidas por ele nos últimos três anos.

Ademirson confirmou que pelo menos Rogério Buratti e Ralf Barquete ligaram para falar com o ministro. Buratti, que denunciou um esquema de caixa dois na gestão de Palocci em Ribeirão Preto, é investigado pela CPI por indícios de tráfico de influência no Ministério da Fazenda. Barquete, que morreu em 2004, foi acusado de arrecadar dinheiro de propinas para campanhas do PT. Ele não soube precisar o número de ligações que recebeu dessas pessoas, e disse que apenas repassou os recados ao ministro, a exemplo do que faz com as chamadas de qualquer autoridade, à exceção do presidente da República.

– Não tenho conhecimento se eles foram atendidos – disse Ademirson.

Os senadores da oposição não se convenceram com as explicações. Especialmente sobre as ligações feitas entre março e abril de 2003, quando foi fechada a renovação do contrato entre a Gtech e a Caixa Econômica Federal, também investigado pela CPI. Uma planilha feita pelos técnicos da comissão mostra que a média de ligações nesse período entre Ademirson e Ralf, que era consultor da presidência da Caixa, foi de 7,67 por dia, contra 2,28 no início do governo Lula.

No dia 1 de abril, data marcada para a assinatura do negócio, Ademirson, Barquete e Buratti se falaram em 31 ligações, com mais de 50 minutos de conversas. O fechamento, no entanto, acabou sendo adiado para o dia 8, data em que aconteceram outras 36 chamadas (mais de 52 minutos).

– Nunca tratei do assunto Gtech. As ligações eram apenas de caráter pessoal – repetia insistentemente Ademirson, irritando alguns senadores da comissão.

Ademirson também disse que tiveram caráter pessoal as mais de 1,4 mil ligações do economista Vladimir Poleto, acusado de transportar supostos dólares de Cuba para a campanha do PT em 2002. Segundo ele, os dois são muito amigos.

Para o presidente da CPI dos Bingos, senador Efraim Morais (PFL-PB), o depoimento indica que houve tráfico de influência no ministério.

– Estamos falando de mais de quatro mil telefonemas (entre todos os ex-assessores de Palocci). Está clara a conexão, a influência entre os assessores e uma amizade muito estranha. Depois da primeira denúncia, os telefonemas diminuíram – disse o senador.

AGÊNCIA O GLOBO
 
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