Mais investimentos e novas técnicas permitiram ao Brasil sofisticar a produção de carne e, apesar da crise pontual provocada pelo surto de aftosa, conquistar mercados com exigências específicas de abate, como é o caso de Israel.

De acordo com os últimos dados da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA), o Brasil deve manter neste ano a liderança nas exportações de carne bovina. Foram 1,5 milhão de toneladas de janeiro a agosto. A expectativa da CNA é fechar o ano com embarques de 2,3 milhões de toneladas, contra 1,85 milhão em 2004. Em valores, o faturamento deve ficar entre US$ 3,2 bilhões e US$ 3,3 bilhões, ante US$ 2,45 bilhões no ano passado.

Para Israel, as exportações de carne kosher somaram US$ 44,28 milhões em 2004 (24,83 mil toneladas) e US$ 29,7 milhões de janeiro a agosto deste ano (17,23 mil toneladas). Na produção da carne kosher, o abate dos animais é feito de acordo com as normas judaicas e, na maioria dos casos, todo o processo é acompanhado por rabinos. Uma das exigências é evitar o sofrimento do animal e o uso de facas com serra. Hoje já é aceito o processo de abate com choques elétricos.

Ao lado do complexo soja, madeiras, lácteos, café, açúcar e álcool, entre outras commodities, as exportações de carne são decisivas para o superávit da balança comercial do agronegócio brasileiro. Somente em agosto, as
exportações de carne bovina totalizaram US$ 339 milhões, um salto de 39,5% sobre os US$ 242,8 mi de agosto de 2004.

A conquista do mercado israelense está contribuindo para reduzir o déficit brasileiro nas transações comerciais entre os dois países. Esse déficit mostra tendência decrescente, apesar do resultado mais negativo de 2004. Foi
de US$ 281,1 milhões em 2000; US$ 276,5 mi, em 2001; US$ 224,9 mi, em 2002; US$ 204,1 mi, em 2003; e US$ 266 mi em 2004. De Israel, o Brasil importa especialmente implementos agrícolas, softwares, equipamentos de segurança e hospitalares.