Notícias

 | 25/11/2005 08h26min

Barreiras sanitárias gaúchas têm condições precárias

Funcionários da fiscalização reclamam da falta de estrutura e do atraso no pagamento

O atraso no pagamento de diárias e as condições precárias de instalação das barreiras sanitárias das divisas de Estado e fronteiras ameaçam o desempenho da fiscalização que tenta impedir a entrada da aftosa no território gaúcho. Zero Hora visitou na quarta-feira 11 municípios onde estão instaladas barreiras e encontrou funcionários trabalhando abaixo de sol e chuva, e dormindo em porões e banheiros. Embora o governo alegue ter depositado 50% dos valores na quarta-feira, até ontem a maioria ainda não havia recebido os valores de R$ 55 para veterinários e de R$ 33 a R$ 50 para auxiliares.

Há mais de 30 dias, 23 veterinários e 72 auxiliares rurais se revezam nas 24 barreiras fixas e volantes montadas no Estado. A maior parte deles foi contratada emergencialmente ainda em 2001, por ocasião do foco registrado em Jóia, mas como o efetivo é ainda deficitário, eles permaneceram na atividade.

Nesta semana, indignado com a situação precária que enfrentam os funcionários das barreiras, o presidente da Associação dos Fiscais Agropecuários do Estado, Nilton Rossato, ameaçou boicote.

– Entramos em acordo para que paguem imediatamente 50% das diárias atrasadas, e o restante, no início de dezembro – salienta.

Conforme Rossato, caso o acordo não seja cumprido, os funcionários voltarão para as suas regionais e boicotarão as barreiras, seguindo o caminho dos funcionários federais, que estão em greve. Mesmo com o cumprimento, muitos fiscais agropecuários já estão desistindo da atividade, desanimados com a precariedade das instalações e do trabalho. Sem a diária antecipada, como manda a lei, os funcionários usaram cheque especial e dinheiro emprestado para pagar comida. Instalaram-se nos locais mais baratos, e na maior parte das vezes, contaram com a ajuda caridosa das comunidades que cederam seus salões de festas.

– O que precisamos é de postos permanentes nas divisas do Rio Grande do Sul. Já fizemos projetos, plantas, mas nunca saiu do papel – conta Rossato.

Com todas as carências e falta de funcionários, a notícia de que 10 veterinários seriam cedidos pelo Estado para cobrir ausência dos grevistas do Ministério de Agricultura, não foi bem aceita pela categoria. Ontem, a juíza da 7ª Vara Federal de Porto Alegre, Daniela Cristina de Oliveira Pertile, determinou que os fiscais federais agropecuários em greve há quase duas semanas retomem as atividades de inspeção de mercadorias no prazo de 24 horas.

O diretor do Departamento de Produção Animal da Secretaria de Agricultura do Estado, Antônio Ferreira Neto, admite que as diárias estavam atrasadas. Ele confirma o pagamento na quarta de 50% dos valores atrasados

– Nos primeiros dias de dezembro serão pagos os outros 50%. Conhecemos a situação difícil, mas ocorre que, muitas vezes, os funcionários, para não gastar, procuram locais mais baratos e sem estrutura adequada para acomodação – explica.

MARIELISE FERREIRA, SILVANA DE CASTRO, MAURO GRAEFF JÚNIOR E GISELE LOEBLEIN/ZEROHORA

 
SHOPPING
  • Sem registros
Compare ofertas de produtos na Internet

Grupo RBS  Dúvidas Frequentes | Fale Conosco | Anuncie | Trabalhe no Grupo RBS - © 2010 clicRBS.com.br • Todos os direitos reservados.