O presidente do Banco Central Europeu (BCE), Jean-Claude Trichet, disse que a entidade não está preparando uma série de aumentos das taxas de juros na zona do euro, após anunciar uma moderada alta para um futuro próximo.

Em entrevista a três jornais europeus divulgada hoje no site do instituto, Trichet lembrou que o BCE não planeja aplicar "uma série de altas" e que sempre estabeleceu taxas no nível necessário para garantir a estabilidade dos preços a médio prazo.

Trichet negou que o conselho de Governo do BCE esteja dividido sobre esta medida e afirmou que o banco nunca duvidou em tomar uma decisão em política monetária, como ficou demonstrado após os atentados de 11 de setembro de 2001, quando reduziu 0,5 ponto percentual para injetar liquidez no sistema financeiro.

O presidente admitiu que a evolução da economia na zona do euro foi decepcionante nos últimos anos, mas disse que a média de crescimento desde a implantação do euro, de 1999 a 2004, foi superior (1,9%) à média dos sete anos anteriores (1,8%).

Trichet ressaltou que é importante evitar que a alta dos preços se transforme em uma inflação persistente no futuro, e esta é a razão pela qual o BCE se preocupa em que não haja "efeitos colaterais", um fenômeno causado por aumentos salariais e outros processos inflacionários indiretos.

Sobre a política de comunicação do BCE europeu, Trichet disse que esta entidade sempre foi muito previsível em suas decisões de taxas de juros e que transmitiu a opinião do conselho de Governo à opinião pública, às instituições associadas e aos mercados financeiros.

Trichet foi criticado pela forma como anunciou na sexta-feira passada, em um congresso de bancos em Frankfurt, "uma alta moderada" dos juros, que deve ser de 0,25 ponto percentual, para 2,25%, e que será decidida na próxima reunião mensal do conselho de Governo, em 1º de dezembro.

AGÊNCIA EFE