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 | 18/11/2005 23h48min

Empresário acusa assessores de Palocci de cobrarem propina

Esquema divulgado por IstoÉ Dinheiro envolveria liberação de verbas

A edição da revista IstoÉ Dinheiro que chegou hoje às bancas traz nova denúncia contra o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, do empresário Márcio Antônio Francisco, 40 anos. Francisco acusa Palocci de liderar um esquema de liberação de verbas do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) em troca de pedágio.

Esse esquema, segundo Francisco, teria como principal operador Nelson Rocha Augusto, atual presidente da corretora de títulos e valores do Banco do Brasil, a BB-DTVM, e ex-secretário de Planejamento de Palocci na prefeitura de Ribeirão. Ainda de acordo com o empresário, o esquema também teria como objetivo criar empresas fantasmas para emitir notas frias para a empreiteira local Leão&Leão – investigada por esquemas de superfaturamento em serviços prestados para a prefeitura de Ribeirão Preto na gestão Palocci.

– Nelson me disse que faria um BNDES de R$ 5 milhões para eu montar minha indústria, mas que o dinheiro só sairia se eu pagasse pedágio de 50% para o grupo. Ele revelou que já havia feito o mesmo para outras empresas. Disse também que com o Palocci no Ministério da Fazenda, a liberação do dinheiro seria muito rápida – disse Francisco.

O relato de Francisco tem dois tempos – o primeiro em meados de 2001, quando Palocci era prefeito, e o outro entre abril e setembro de 2003, quando Palocci já era ministro. Francisco era dono da cachaça Palmeirinha, tradicional marca do interior paulista. Ele começou engarrafando a aguardente produzida no engenho do avô. Depois comprava a cachaça de outros produtores da região. Em 2001, fez contatos na Itália e decidiu aumentar a produção e exportar para a Europa.

Um consultor amigo o aconselhou a procurar o executivo Ivan Leme de Sant'Ana, ex-diretor do Banco Ribeirão Preto e na ocasião dono de um escritório de consultoria contábil especializado em BNDES.

– Ivan me disse que tinha uma empresa já pronta para eu comprar, a Indústria de Bebidas Cravinhos. Ele me disse: 'Olha, tenho um esquema com o Banco Ribeirão Preto, com o Nelson Rocha junto com o Palocci'. Ele já falou do Palocci e me pediu uns dias para conversar com Nelson.

Na ocasião, Nelson Rocha Augusto acumulava os cargos de diretor Financeiro do Banco Ribeirão Preto com o de secretário de Planejamento da prefeitura. Já a Indústria de Bebidas Cravinhos, pertencia a Jair Coelho, empresário do setor de coleta de lixo no Rio de Janeiro, já falecido, e à sua mulher Ariadne, socialite da Barra da Tijuca, que ficou famosa como a Rainha das Quentinhas – maior fornecedora de refeições prontas para os presídios cariocas, foi acusada de fornecer documentos falsos para vencer licitações. Ainda de acordo com Francisco, três dias depois do primeiro encontro, ele teria sido convocado por Ivan Sant'Ana:

 – O Ivan então me disse: "Está tudo aprovado junto ao banco". Mas ele tinha uma contra-proposta. Ao invés de R$ 1,5 milhão, o banco liberaria R$ 5 milhões, mas eu só ficaria com R$ 2,5 milhões. O Ivan explicou que ficaria com R$ 300 mil, que era a comissão dele, e o restante, R$ 2,2 milhões, iria para o Nelson e o Palocci. Foi o que o Ivan me disse. Só que, para efetivar o esquema, eu teria que abrir uma construtora que forneceria notas frias para a Leão & Leão.

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