Desafiando o fogo intenso dos fuzis da guerrilha, tropas especiais do exército colombiano ingressaram nesta sexta-feira, dia 22, na zona desmilitarizada, o antigo bastião das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). Transportados por 10 helicópteros Black Hawk, cerca de 200 homens tomaram um antigo quartel da região, que havia sido abandonado há três anos, como parte do acordo de paz suspenso na quarta-feira.

 A chegada das tropas foi precedida por bombardeios da força aérea colombiana, que resultaram na destruição de 13 instalações da guerrilha – entre elas acampamentos rebeldes, depósitos de armas e laboratórios de processamento de cocaína. A guerrilha, por sua vez, iniciou o contra-ataque, deflagrando operações em várias frentes. Do solo, partiu a resposta, por meio de disparos que atingiram três helicópteros, ferindo três soldados.

Armados com fuzis de assalto, granadas e metralhadoras, os militares assumiram o controle de Batalhão Cazadores, um quartel que havia sido abandonado pelo exército em 7 de novembro de 1998. Moradores de San Vicente del Caguán denunciaram que os bombardeios aéreos teriam provocado a morte de três civis – entre eles um menino de dois anos – e deixado um número não determinado de feridos. As denúncias estão sendo investigadas.

A guerrilha mantém posições nas zonas rurais, mas já desocupou os perímetros urbanos de San Vicente del Caguán, Mesetas, La Macarena, Vista Hermosa e Uribe. Segundo o exército, porém, alguns rebeldes permanecem nas cidades trajando roupas civis. O líder máximo das Farc, Manuel Marulanda, e os cinco membros da cúpula da guerrilha já teriam deixado a região há pelo menos três dias.

Na primeira reação militar fora da zona desmilitarizada desde o rompimento das negociações, na quarta-feira, comandos da Farc atacaram com explosivos várias torres transmissoras de energia e a rede distribuidora de gás em povoados colombianos. Segundo fontes do exército, em Medellín e pelos menos em outros cinco municípios do departamento (estado) de Antioquia cerca de 500 mil pessoas ficaram sem os serviços de gás doméstico devido à destruição da rede distribuidora.

Outros atentados terroristas de comandos das Farc deixaram sem luz meia centena de povoados nos departamentos de Caquetá, Huila e Tolima. Uma pessoa morreu durante um ataque com dinamite contra a subestação de energia de Altamira, no sul do país.