O Papa aceitou a renúncia de Luiz Carlos Eccel, bispo da cidade de Caçador (SC), que nas eleições presidenciais apoiou Dilma Rousseff, criticada pela Igreja Católica por suas posições sobre o aborto. O anúncio foi feito nesta quarta-feira no Vaticano.

Bento XVI aceitou a renúncia do bispo Eccel "em conformidade com o artigo 401 parágrafo 2 do Código de Direito Canônico", indicou o Vaticano em um comunicado. Esse artigo prevê a renúncia "por motivos de saúde ou por outra causa grave".

O bispo, de 58 anos, não teria se mantido fiel à Igreja católica ao apoiar abertamente a candidatura de Dilma Rousseff, eleita presidente no dia 31 de outubro. Alvo da Igreja católica e dos evangélicos por suas posições a favor da legalização do aborto, a candidata do Partido dos Trabalhadores (PT) recuou antes do segundo turno e se comprometeu a não modificar a lei.

Durante a campanha eleitoral, o bispo da cidade de Guarulhos (SP) divulgou um manifesto contra Dilma Rousseff, a pessoa escolhida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para sucedê-lo, apresentando-a como "a candidata da morte".

Três dias antes do segundo turno, no dia 28 de outubro, Bento XVI disse ao receber os bispos brasileiros que os sacerdotes tinham "o dever de emitir um julgamento moral, mesmo na política", quando "os direitos fundamentais da pessoa ou a salvação das almas o exigirem".

As declarações foram recebidas no Brasil como um apoio implícito ao candidato social-democrata da oposição, José Serra.