Eleições | 01/11/2010 06h57min
Poucos países acompanharam tão de perto a eleição no Brasil quanto a distante Bulgária, na Europa. O fato de o pai da presidente eleita, Pétar Russév, ter nascido no país do Leste europeu transformou a sucessão brasileira em assunto nacional.
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Confirmada a vitória, parentes de Dilma repetiram o roteiro dos últimos dias: deram entrevistas sobre a parente distante, mas famosa.
— Estamos sem palavras. A presidente do Brasil tem sangue búlgaro — afirmou Ralitsa Negetsoeva, que ficou acordada até conhecer o destino eleitoral da prima em segundo grau.
— Esse é um dia histórico para a família — disse Toshka Kovacheva, que foi casada com um primo direto de Dilma, já morto.
— Nunca fui tão fotografada e entrevistada na minha vida. Mas não queria que ficássemos conhecidos desta maneira. Não queremos aparentar que estamos usando a ocasião para nos promover — ponderou Vesela Kovacheva, filha de Toshka.
No final dos anos 20, Pétar Russév deixou a pequena cidade de Gabrovo, perdida nas montanhas da Bulgária, e migrou para o Brasil. Os laços se perderam, mas a súbita fama de Dilma refez a ligação. Tanto que a prefeitura da cidade montou uma exposição para mostrar a ligação dos Russév com o ramo Rousseff do Brasil.
A campanha de Dilma não chamou a atenção apenas de Gabrovo. A imprensa búlgara deu destaque aos passos eleitorais de Dilma. Ufanista, o jornal econômico Kapital mencionou a existência de um processo de balcanização da América do Sul, ao lembrar que Dilma se juntaria à origem croata dos Kirchner. A publicação exultou: “a nossa menina vai administrar o país do samba”.
Ontem, o site do jornal Trud mantinha o destaque à eleição. Embarcava na polêmica sobre aborto com a notícia de que o papa Bento XVI havia defendido a necessidade de bispos brasileiros condenarem uma alegada postura “pró-aborto” da candidata. O próprio governo búlgaro não hesitou em entrar na onda: Dilma tem sido mostrada como exemplo de uma búlgara que fez sucesso no Exterior – o contrário da imagem negativa criada na Europa, ligando os búlgaros à migração e à pobreza.
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