Eleições | 31/10/2010 20h05min
Em 31 de outubro de 2010, após 121 anos de tradição republicana, o Brasil elegeu a primeira mulher presidente de sua história. Às 20h04min, com 93% dos votos apurados, segundo a contagem oficial do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Dilma Vana Rousseff, 62 anos, somou mais de 51 milhões de votos e foi matematicamente eleita.
A petista abriu uma diferença impossível de ser revertida em favor de seu adversário, o tucano José Serra, e garantiu sua entrada no Palácio do Planalto para um mandato de quatro anos.
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Nos anos 1970, a nova presidente formou-se em Economia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Nas duas décadas seguintes, assumiria secretarias da Fazenda e de Minas, Energia e Comunicações, postos em que se consagraria pelo estilo rígido e pela capacidade técnica.
No café da manhã antes da votação, no Hotel Plaza São Rafael, a candidata eleita já dava mostras de que pretende somar a estes um outro predicado como mandatária da nação — a pluralidade:
— Eu governarei para todos, conversarei com todos os brasileiros — prometeu, referindo-se à possibilidade de que os votos viessem a confirmar o que as pesquisas já indicavam.
No discurso direcionado a correligionários e apoiadores, Dilma lembrou ainda que na véspera havia visitado Minas Gerais, onde nasceu, e no dia de sua vitória se encontrava no Estado onde construiu os alicerces de sua vida pública.
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— É como se eu fizesse a trajetória política da minha vida. Aqui fui recebida quando saí das prisões da ditadura — declarou a então candidata, que depois de votar passou na casa de sua filha e, à tarde, embarcou para Brasília onde acompanhou a apuração.
Não foram poucos os obstáculos até o anúncio virtual de sua eleição à presidência do Brasil. Ainda jovem, vinculada a grupos de guerrilha contra a ditadura, como o Comando de Libertação Nacional, foi presa entre 1970 e 1972 e acabou vítima de torturas. Depois de liberta graças a um recurso apresentado ao Superior Tribunal Militar, morou em São Paulo e no Rio de Janeiro até se estabelecer em Porto Alegre — onde também se casaria com o futuro deputado estadual Carlos Araújo e teria sua única filha, Paula.
Filiada ao PDT até 2001, quando migrou para o PT, dois anos depois assumiria o cargo de ministra de Minas e Energia do governo Lula. O bom desempenho na condução do setor energético e o gerenciamento de programas prioritários como o Luz para Todos encaminharam Dilma à chefia da Casa Civil, em 2005, em substituição a José Dirceu. Às vésperas da formalização de sua candidatura à presidência, ainda enfrentaria um câncer no sistema linfático — do qual revelou ter se curado em setembro do ano passado.
A partir de 1º de janeiro de 2011, quando a primeira mulher eleita presidente do Brasil subir a rampa do Palácio do Planalto para dar início ao 29º período de governo republicano, a mineira Dilma Rousseff terá um novo e grandioso desafio a superar: atender aos sonhos e anseios de mais de 190 milhões de brasileiros.
Acompanhe a apuração em tempo real
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