Propaganda eleitoral | 21/10/2010 23h05min
A polêmica sobre a agressão ao candidato do PSDB à sucessão presidencial, José Serra, em evento no Rio de Janeiro na quarta-feira, foi explorada pela inserção exibida pela campanha da petista Dilma Rousseff nesta noite no horário eleitoral obrigatório.
O PT alimentou a desconfiança criada por vídeos na internet de que o tucano teria sido atingido por uma bolinha de papel, e não por um artefato pesado, como alegou o PSDB, e acusou o candidato de "simular" uma reação exagerada.
— O PT é contra qualquer tipo de violência, mas também contra qualquer tipo de manipulação — afirmou o locutor.
Na sequência, reportagem produzida pelo SBT sobre o incidente foi exibida, com comentários do locutor da peça.
— O candidato Serra aproveitou o conflito entre militantes para simular uma agressão que não aconteceu. Ele foi atingido por uma bolinha de papel, e nada mais. Esse teatro todo definitivamente não combina com um candidato à Presidência da República — afirmou.
Além do episódio, a peça do PT explorou mais uma vez as afirmações de que um governo do PSDB privatizaria empresas de controle estatal, com destaque para a Petrobras. A propaganda pregou que durante o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (FH) a empresa quase foi privatizada:
— Não faz muito tempo que o Brasil por pouco, bem pouco, não perdeu a Petrobras.
A inserção sugeriu ainda que o candidato do PSDB pretende privatizar a exploração da camada do pré-sal numa eventual gestão tucana. O locutor da propaganda ressaltou que no governo de FH foram vendidas "dezenas de empresas brasileiras", como a Telebrás e a Light. A inserção do PT levantou dúvidas ainda se o tucano dará continuidade aos projetos do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com destaque ao Bolsa Família. Esse tipo de acusação ganhou, pela primeira vez na TV, o reforço do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que sugeriu que o PSDB irá privatizar o pré-sal.
— É preciso a gente ficar de olho aberto porque, se descuidar, aquela turma de sempre vai querer privatizar o pré-sal — afirmou o presidente, segundo o qual os adversários só sabem governar "vendendo o patrimônio do povo".
A peça defendeu o uso dos recursos do pré-sal em investimentos nas áreas de educação, saúde, combate à pobreza, ciências e tecnologia, entre outras.
A inserção do PSDB voltou a mostrar o episódio da agressão ao candidato José Serra, como fez na peça exibida nesta tarde, com o acréscimo de discurso feito em 2000 pelo então presidente do PT, José Dirceu. Na época, o hoje deputado federal cassado acompanhava uma greve de professores e teria incitado os manifestantes contra o então governador de São Paulo, Mário Covas.
— Eles têm de apanhar nas ruas e nas urnas — exortou.
O programa comparou ainda o ocorrido com Serra à agressão que Covas recebeu durante greve em São Bernardo do Campo em 2000.
— Os brasileiros lutaram muito para reconquistar a democracia. Por isso, é inaceitável o que aconteceu nesta quarta-feira, no Rio — afirmou uma atriz.
Cenas em que Covas foi agredido com uma bandeirada na cabeça apareceram logo depois das imagens de Serra.
— Fui cassado para garantir o direito de vocês falarem. Não o direito de me dar paulada na cabeça — disse Covas, na época.
— Essa é a democracia que você quer para o Brasil? — questionou a atriz.
A inserção também mostrou imagens de uma manifestação promovida pela Central Única dos Trabalhadores (CUT), na qual Covas teria sido ameaçado. O programa do PSDB veiculou ainda direito de resposta que ocupou um minuto da propaganda do PT. Uma atriz usou o tempo para defender Serra das acusações de que teria privatizado a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) e 31 empresas em São Paulo.
— A CSN foi privatizada no governo Itamar Franco. O Serra nessa época era deputado. Eles falam que foi o Serra, mas não foi, ele não teve nada a ver com isso — defendeu a atriz.
— E a Justiça reconheceu que é mentira. Aliás, o Serra, quando foi governador, não privatizou nenhuma empresa. Repito: nenhuma.
A atriz acusou a campanha da candidata do PT de "ficar inventando".
A maior parte da inserção do PSDB tratou de políticas para os deficientes físicos, com a promessa do candidato de que criará o Ministério da Pessoa Deficiente, num eventual governo do PSDB.
— Mais de 25 milhões de brasileiros têm algum tipo de deficiência. Só um presidente com sensibilidade pode tratar as pessoas com deficiência com muita atenção — lembrou o tucano.
A peça acusou ainda o atual governo de não investir em transporte e educação básica em relação às Associações dos Pais e Amigos dos Excepcionais (Apaes).
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