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Eleições  | 09/10/2010 15h56min

Dilma critica estímulo a "divergências religiosas" na discussão eleitoral

Candidata voltou a afirmar que é contra a legalização do aborto

Em meio à polêmica sobre o tema do aborto, a candidata à presidência da República pelo PT, Dilma Rousseff, afirmou que há uma tentativa deliberada de criar confusão e construir a discussão eleitoral em torno de divergências religiosas.

— Há um processo nesta eleição que contraria tudo o que o Brasil construiu ao longo dos seus mais de 500 anos de vida. Somos um país que nunca teve conflito religioso, e criar uma contradição religiosa aonde não existe é criar um clima de divisão do país — afirmou Dilma.

Na visão da candidata, essa tentativa de nortear o debate eleitoral por divergências religiosas não honra a tradição da democracia brasileira e, segundo ela, daqui para frente com um menor número de candidatos será possível saber a origem desse discurso.

— Antes tínhamos dez candidatos e não sabíamos de onde vinha, daqui para frente só haverá dois. Se continuar essa rede de boatos e intrigas só pode vir do nosso adversário — afirmou Dilma, referindo-se ao candidato do PSDB à Presidência da República, José Serra.

Dilma ressaltou, ainda, que tem certeza que o Estado é laico e que é obrigado a respeitar todas as diversidades culturais e religiosas do país.

— Tão importante quanto a liberdade de opinião e de imprensa, é a liberdade de crença e religião — destacou a candidata do PT.

Hoje, na parte da manhã, Dilma visitou a instituição filantrópica Amparo Maternal, na Vila Mariana, na capital paulista. O objetivo da visita, segundo a candidata, foi conhecer o trabalho da maternidade para replicá-lo em sua proposta de criação da chamada Rede Cegonha, que terá por objetivo oferecer assistência médica a mulheres grávidas que estão desamparadas.

Dilma negou que a visita seja uma resposta a polêmica sobre a questão do aborto e falou de seu projeto:

— Minha proposta é assegurar que as mulheres tenham apoio para ter os seus filhos. Que não precisem esconder a gravidez, que os pais não as expulsem de casa e que elas não tenham a coisa horrorosa que é o medo e não eliminem uma vida — disse Dilma, ressaltando que essa é a melhor maneira para se evitar a prática do aborto ilegal no Brasil.

— Vocês podem ter certeza de que todas as minhas afirmações sobre o aborto são a favor da vida.

Dilma assegurou que não vai liberar o aborto em hospitais públicos e que em hipótese nenhuma irá propor alterações na legislação vigente.

— A questão fundamental do Brasil é o que nós faremos com as crianças e os jovens, porque são o futuro do país.

Sobre o eventual apoio da ex-candidata do PV à presidência da República, Marina Silva, Dilma afirmou que pretende discutir todas as propostas da ex-ministra do Meio Ambiente do governo Luiz Inácio Lula da Silva.

— Pelo que vi, as propostas da Marina têm mais a ver conosco do que com o nosso adversário. Vamos realizar uma discussão sobre isso de maneira respeitosa e sem pressão — disse, sem informar se já houve algum contato entre os dois partidos.

Agência Estado
 

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