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Propaganda eleitoral  | 31/07/2010 17h39min

Superprodução Eleitoral: o que os presidenciáveis preparam para a TV

Os três principais candidatos pretendem adotar um tom moderado na estreia

Fabiano Costa e Fábio Schaffner | Brasília

Viagens relâmpago Brasil afora, gravações em segredo e discussões acaloradas sobre como seduzir o eleitor. Escorados em orçamentos milionários e no talento de marqueteiros tarimbados, Dilma Rousseff (PT), José Serra (PSDB) e Marina Silva (PV) trabalham na conclusão dos primeiros programas para a propaganda de rádio e TV.

Confira a estrutura montada pelos postulantes ao Planalto para os programas de rádio e TV.

Embora já estejam estocando munição para futuros embates, os três principais candidatos à Presidência pretendem adotar um tom moderado na estreia, dia 17 de agosto.

Entre petistas e tucanos, o palanque eletrônico é a maior aposta para desequilibrar a disputa polarizada. Para compensar a falta de carisma de Dilma e Serra, um exército de publicitários e jornalistas foi convocado para atuar na retaguarda dos estúdios. Já Marina conta com a ajuda do consagrado cineasta Fernando Meirelles para cativar o eleitor e tentar romper o caráter plebiscitário da eleição.

Dilma: um cabo eleitoral popstar

Amparado em uma aprovação popular de quase 80%, o presidente Lula será o mestre de cerimônias no primeiro programa eleitoral do PT. O objetivo é endossar a escolha de Dilma como sua sucessora, apresentando a candidata como responsável por várias iniciativas de êxito do governo, como o Luz para Todos e o PAC.

A presença de Lula, porém, não será majoritária, para não ofuscar a ex-ministra.

— Temos de dosar bem. Lula vai ter participação especial na propaganda, mas a protagonista será Dilma — ressalta o presidente do PT, José Eduardo Dutra.

Nos programas iniciais, o marqueteiro João Santana irá fazer uma retrospectiva da história de Dilma, desde os tempos de militância no combate ao regime militar até a chefia da Casa Civil no governo Lula.

— O primeiro programa vai mostrar quem é a Dilma, de onde ela veio e o que já fez — conta um dos poucos petistas com acesso às gravações.

Para evitar vazamentos, as cenas para a TV vêm sendo coletadas em sigilo. Há duas semanas, ela viajou de Brasília para a foz do Arroio Chuí, na fronteira com o Uruguai. Em outra ocasião, esteve na foz do Rio Oiapoque, no Amapá. Ao costurar as cenas dos dois extremos, os marqueteiros irão mostrar que ela conhece o Brasil de norte a sul.

O comando de campanha também pretende explorar a inserção internacional do Brasil nos últimos anos. Em meio a um périplo da candidata pela Europa, as equipes registraram encontros da ex-ministra com chefes de Estado de França, Portugal e Espanha para demonstrar que ela está afinada com importantes parceiros do Brasil.

Serra: aposta no currículo

Um governante inovador, avesso a apadrinhamentos políticos e com sensibilidade social. Assim Serra será apresentado nos primeiros programas da propaganda eleitoral no rádio e na TV. Além de destacar a experiência acumulada pelo tucano como ex-governador e ex-ministro, a equipe de marketing do PSDB irá mostrar depoimentos de pessoas beneficiadas por iniciativas de Serra.

— A propaganda irá enfatizar a biografia dele, mas também mostrar como ele criou formas de ajudar as pessoas — resume um auxiliar da campanha tucana.

Nas imagens já coletadas em 10 Estados, há manifestações de pacientes operados nos mutirões das cirurgias de catarata, doentes crônicos beneficiados pelos medicamentos genéricos e por outros programas criados na gestão de Serra no Ministério da Saúde. Durante passagem por Curitiba, na semana passada, o tucano gravou imagens na Pastoral da Criança. A equipe comandada pelo marqueteiro Luiz González pretende usar o material como antídoto à exaustiva exploração que o Bolsa-Família terá na propaganda do PT. A ideia é mostrar que Dilma nunca gerenciou programas sociais.

— Os dois estão aí para serem comparados. De Dilma, não se conhece nenhuma grande atuação — afirma o presidente do PSDB, Sérgio Guerra.

A propaganda tucana também pretende convencer o eleitor de que, no governo Lula, Dilma não conseguiu destravar gargalos na infraestrutura do país. Boa parte das críticas será direcionada ao PAC, uma das principais grifes da petista.

Marina: recado de 90 segundos

Com menos de 90 segundos no rádio e na TV, os estrategistas de Marina recorreram à linguagem publicitária para tentar minimizar a escassez de tempo. A ideia é usar textos curtos e diretos, valorizando nos programas iniciais a trajetória de superação da senadora acreana, alfabetizada aos 17 anos.

Outra alternativa em estudo é repartir as inserções diárias de 30 segundos em duas aparições de 15 segundos, dobrando as aparições da candidata na TV. Um dos trunfos da campanha será a participação do cineasta Fernando Meirelles, indicado ao Oscar com o filme Cidade de Deus. Meirelles já dirigiu o programa exibido em fevereiro e agora atua como consultor, supervisionando a concepção da propaganda e a atuação de Marina. Uma das sugestões do cineasta foi a utilização de desenhos animados, com a voz da senadora narrando situações que ilustram os problemas do país e duas propostas para resolvê-los.

Além de explorar o carisma de Marina, o marqueteiro Paulo de Tarso investe no prestígio do candidato a vice, Guilherme Leal. O empresário terá o papel de fiador das propostas do PV, na tentativa de dissuadir resistências do setor produtivo ao discurso ambientalista.

— Guilherme é imprescindível nesta campanha — afirma Tarso.

A galeria de celebridades que já abriu voto para Marina, como o compositor Gilberto Gil, também será convocada para reforçar a propaganda. O expediente, porém, será usado com parcimônia, sob pena de deslocar os holofotes de Marina para as estrelas simpáticas a ela.

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