Eleições | 22/06/2010 22h02min
Ameaçado de intervenção pela executiva nacional, o comando do PMDB em Santa Catarina recuou e decidiu desembarcar do palanque de Raimundo Colombo (DEM).
Após um dia tenso e repleto de reuniões em Brasília, os dirigentes decidiram apresentar como alternativa os nomes do deputado Mauro Mariani e do ex-governador Paulo Afonso como pré-candidatos à disputa pelo governo estadual.
A solução foi costurada pelos líderes catarinenses em razão da pressão do presidente nacional do PMDB, Michel Temer (SP), para que o partido cumprisse com o acordo firmado, há duas semanas, com a ex-ministra Dilma Rousseff (PT).
Na ocasião, Eduardo Pinho Moreira se comprometeu com Temer a garantir um segundo palanque para a candidata petista em Santa Catarina. Pela manhã, Temer convocou seu grupo político para intimidar a comitiva catarinense. Escudado por Renan Calheiros (AL) e Romero Jucá (RR), o candidato a vice-presidente na chapa de Dilma cobrou uma posição definitiva sobre o imbróglio no Estado.
A portas fechadas, em uma sala da residência oficial do presidente da Câmara, os catarinenses tentaram se justificar. Para desfazer a impressão de que teria traído Temer ao rasgar o compromisso de ceder o palanque peemedebista para Dilma, Pinho Moreira reclamou que a senadora Ideli Salvatti (PT) não havia garantido um eventual apoio a ele no segundo turno. Dizendo-se isolado, explicou que não teve outra saída a não ser abrir mão da candidatura.
Apesar do tom impassível, Temer rebateu Pinho Moreira. O presidente da Câmara cobrou um aviso prévio à direção nacional, postura que poderia resultar em uma mobilização dos dirigentes, a exemplo do que havia ocorrido em Minas e no Maranhão.
— Agora, é preciso garantir o compromisso assumido com o PT. Não há condições de haver retrocesso nas negociações — ameaça.
Respaldado pelos caciques do partido, Temer avisou que, para evitar a destituição da executiva estadual, ou o PMDB retomava a candidatura própria ou se mantinha neutro na disputa estadual. Principal artífice da aliança com Colombo, Luiz Henrique levantou a voz e desafiou o presidente da Câmara.
— Essa imposição é um desrespeito ao PMDB catarinense. Se é assim, também tem de haver intervenção no Rio Grande do Sul e no Mato Grosso — advertiu o ex-governador, referindo-se a outros Estado onde o PMDB resiste em seguir a orientação da cúpula nacional.
Incomodado com a declaração de Luiz Henrique, o deputado Eunício Oliveira (CE), aliado de Temer, rebateu a crítica e deu início a um bate-boca com os catarinenses. Para evitar que os ânimos se exaltassem, Temer interveio:
— Vamos buscar o equilíbrio.
Às 12h50min, depois de quase duas horas de discussões, os catarinenses pediram a Temer um tempo para debater as alternativas, comprometendo-se a dar uma resposta ao vice de Dilma até o fim do dia. Tinha início, então, uma série de articulações para evitar a destituição da direção estadual.
Somente por volta das 20h, os catarinenses voltaram a falar com Temer. Reunidos na sede do partido, sugeriram a manutenção da candidatura própria. Além de Mariani e Afonso, o deputado Edison Andrino, que já havia se lançado pré-candidato, também foi citado como alternativa para a disputa da eleição.
Obrigado a recuar, Pinho Moreira cogitou inclusive a renúncia à presidência do partido em Santa Catarina. Temer gostou das propostas dos catarinenses, mas manteve a desconfiança sobre o diretório. Uma nova reunião está prevista para a manhã desta quarta-feira.
— O presidente quer continuar ouvindo e conversando — disse um interlocutor de Temer.
* colaborou Helen Lopes
Não sou filiado ao PMDB, mas simpatizo com o partido e respeito os grandes valores politicos de lideranças como Luiz Henrique, Pinho, etc... e acho que jamais nossas lideranças catarinenes devem aceitar imposições de Temer, ainda mais pelo objetivo de dar palanque à Dilma, que jamais foi e nem será a verdadeira candidata dos peemedebistas de Santa Catarina. Sugiro uma maior consulta às bases do partido.
O que o PMDB nacional vem fazendo com o estadual é inadmissível! Esqueceram que não existe verticalização nas eleições? Tudo isso, lógico, não passa de uma manobra ardilosamente articulada do PT nacional (leia-se Ideli), que visando o governo de SC, está pressionando o PMDB nacional para intervir no diretório estadual e evitar a tríplice aliança. E o pior de tudo é que conseguiram. Quem perde com isso é o próprio PMDB, que, como sempre, corta na própria carne, desprezando e menosprezando o posicionamento dos partidários históricos em benefício dos "aliados de última hora". Só lamento isso, pq poderíamos ter um governo de continuidade e, agora, certamente ficaremos ao Deus dará.
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