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 | 23/04/2010 04h19min

Pressionado por Planalto e PT, PSB dá "saída honrosa" para Ciro Gomes

Socialistas devem definir retirada do cearense da disputa presidencial em encontro na terça

Ciro Gomes (PSB) continua candidato – mas esta condição deve persistir por pouco tempo, para ser exato, mais quatro dias. Depois de duas reuniões da cúpula socialista entre quarta-feira e ontem, o comando nacional do PSB deu ao deputado cearense a possibilidade de uma saída política honrosa, que lhe permita abandonar a candidatura sem abrir uma crise interna em seu partido.

Em reunião com o presidente da sigla e governador de Pernambuco, Eduardo Campos, e com o vice-presidente do PSB, Roberto Amaral, ficou combinado com Ciro que a proposta de candidatura ao Planalto será submetida aos diretórios regionais da legenda e discutida na terça-feira, na reunião da executiva nacional. Ontem mesmo os diretórios foram comunicados dessa decisão.

A maioria desses diretórios prefere apoiar a aliança em torno da petista Dilma Rousseff (PT) e selará a retirada da candidatura, atendendo, inclusive, ao desejo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que quer o PSB coligado oficialmente com o PT na disputa sucessória.

Mas, mesmo que Ciro seja derrotado nessa consulta formal, o processo de apuração da opinião dos integrantes do PSB dará a ele o discurso de que sua saída da disputa foi uma decisão tomada pela maioria do partido e não um sinal de interferência externa de Lula ou de falta de prestígio interno e de enfraquecimento junto aos eleitores.

A reunião foi provocada pelas críticas públicas feitas por Ciro ao PSB, cobrando uma posição sobre a candidatura e reclamando que o partido precisava pensar grande para crescer.

Na conversa, realizada em Brasília, Ciro reafirmou sua disposição de disputar a eleição presidencial. Ouviu dos dirigentes que a maior parte do PSB prefere não ter candidatura própria para facilitar a montagem das alianças regionais, unificando seus palanques com o PT, na maioria dos casos. O partido terá candidatura própria ao governo em 10 Estados.

Sigla nunca levou candidatura a sério

Oficialmente, Campos diz que a decisão sobre a candidatura presidencial ainda será tomada. Na prática, porém, a candidatura de Ciro nunca foi levada a sério dentro do partido e foi sendo desidratada aos poucos. O PSB, por exemplo, nunca procurou qualquer legenda para fechar uma aliança que garantisse maior tempo de propaganda eleitoral na TV e no rádio para Ciro.

Hoje, Campos deverá se reunir novamente com Lula para discutir a situação do PSB na sucessão presidencial. Ontem, eles se encontraram, mas não conseguiram conversar sobre o assunto.

Por que o PT quer Ciro fora
- Pesquisas de opinião apontam que, se Ciro Gomes não concorrer, seus votos migrariam em maior número para José Serra (PSDB).
- Mesmo assim, o Planalto e o PT insistem para que ele retire a candidatura. Na avaliação petista, a saída de Ciro traria alguns benefícios para a candidatura de Dilma Rousseff (PT).
1 O PT aposta na teoria do plebiscito: sem Ciro e com Marina Silva em um patamar inferior, entre 8% e 10%, se fortalece a ideia do Planalto de comparar os quase oito anos do governo Lula com os oito anos do antecessor, Fernando Henrique (PSDB).
2 Sem Ciro, fica mais fácil a tarefa petista de construir palanques mais densos para Dilma em alguns Estados. Um bom exemplo é o caso do Ceará, Estado de Ciro. Lá, o governador é Cid Gomes (PSB) irmão de Ciro. Ele concorre à reeleição e pode cimentar o palanque cearense para Dilma.
3 Dilma poderia agregar Ciro a seu palanque. Ainda que o socialista tenha dito que pretende ficar de fora da campanha presidencial, sua presença ao lado de Dilma pode reverter a tendência inicial de migração de votos para Serra.
4 Se conseguir atrair o PSB, o que só seria possível com a saída de Ciro, Dilma poderá agregar mais tempo de TV para expor sua candidatura.
5 Ainda que, em tese, Ciro pudesse ser um importante aliado da ex-ministra nos debates ao engrossar os ataques sobre Serra, seu perfil independente poderia trazer inconvenientes para a petista na TV.

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