| 22/10/2009 07h14min
Melhor colocado na tabela e com uma equipe que havia se sagrado bicampeã da América no ano anterior, o Grêmio chegou para o clássico do dia 22 de setembro de 1996, no Estádio Beira-Rio, com favoritismo incontestável. O jogo era válido pela 11ª rodada da primeira fase do Brasileirão daquele ano e entraria para a história graças a um gol antológico marcado por Paulo Nunes, logo aos cinco minutos do duelo.
A forte chuva que desabava sobre Porto Alegre naquela tarde trouxe ainda mais dramaticidade ao clássico. O árbitro carioca Carlos Elias Pimentel recém havia apitado o começo do confronto e o Grêmio conseguiu um escanteio pela esquerda de ataque. O lateral-direito Arce fez o levantamento. O colorado Marcelo desviou de cabeça no primeiro pau, depois de disputar com Luciano e Luis Carlos Goiano. A bola subiu e, na descida, Paulo Nunes acertou em cheio, de puxeta, no ângulo do goleiro André.
– O Paulo Nunes conta até hoje que foi de bicicleta. Mas aquilo foi um velocípede, uma monareta. Mas isto é o que menos importa. O que interessa é que foi gol – brinca o ex-volante Dinho.
Depois de aberto o placar, a partida ficou equilibrada e foi assim até o intervalo. Na volta, incentivado pela torcida em maior número, o Inter partiu para cima e empatou aos sete minutos com o meia Murilo.
O poderoso Grêmio, comandado por Luis Felipe Scolari, corria sérios riscos diante do mediano Inter, treinador por Nelsinho Batista, e que tinha como única estrela o zagueiro Gamarra.
Até que, aos 21 minutos da etapa complementar, o Grêmio conseguiu uma falta no campo de ataque. Para se ter uma ideia da distância, a barreira do Inter foi formada dentro da meia-lua da grande área. O goleiro André solicitou que quatro jogadores fizessem a barragem. Outros dois tricolores ficaram ali para atrapalhar a visão do arqueiro vermelho.
Arce e Dinho se posicionaram para a chute. A posição e a distância da falta eram ideais para a cobrança do paraguaio. Mas a bomba veio por parte do volante. De três dedos. Por fora da barreira. Gol do Grêmio: 2 a 1.
– Na hora eu estava conversando com o Arce, que estava pronto para bater. Como o André deixou a barreira com o canto aberto do lado dele, esperando que o Arce batesse, eu avisei que iria bater. Não sei se foi ordem do André ou se os jogadores do Inter se encolheram com medo do chute. Mas eu pedi pra bater. O André não esperava que eu batesse de trivela. Esperava que o Arce batesse com o lado de dentro do pé. O campo estava molhado e o André não conseguiu chegar no chute rasante – relembra Dinho, um dos herois da torcida tricolor.
Novamente em vantagem, o Grêmio tinha a missão de segurar o ataque colorado por mais 24 minutos e garantir os três pontos. A situação não era fácil. O meia Carlos Miguel acabou expulso e, diante de quase 40 mil pessoas, o Inter pressionou a meta tricolor. Foi aí que o goleiro Danrlei começou a brilhar.
– Em um Gre-Nal não existe favorito. E esta é a prova. O nosso time era melhor, mas poderíamos ter perdido aquele jogo não fosse o Danrlei – afirmou Dinho.
Quatro dias antes, o goleiro havia falhado em uma partida pela extinta Supercopa da Libertadores, contra o Vélez Sársfield. Uma má jornada no Gre-Nal poderia antecipar o fim da era Danrlei no Tricolor.
– Eu lembro da situação criada em torno da partida. Eu não havia ido bem contra o Vélez e todos diziam que se não fosse bem no Gre-Nal eu sairia do clube. Mas todos confiavam em mim nos clássicos. Todos comentavam que o Grêmio poderia ficar tranquilo, pois no Gre-Nal não tinha ruim comigo – disse Danrlei.
Quem apostou no goleiro gremista se deu muito bem. Danrlei só não fez chover no Beira-Rio pois a água já desabava desde o início da partida
– Eu sempre gostei de jogar no Beira-Rio. A torcida contra, incomodando. Eu sempre gostei de jogar lá. Sempre me senti bem. Quanto mais torcida, a favor ou contra, melhor eu me sentia – revelou o ex-goleiro do Grêmio.
Naquele ano, o Grêmio terminaria o campeonato em sexto lugar na primeira fase e o Inter em nono, perdendo a vaga na última rodada para Portuguesa e Goiás. Coincidência ou não, o time goiano se classificou ao derrotar o Tricolor, em pleno Olímpico, na última rodada. No placar eletrônico do estádio gremista, a frase:
– Eles estão fora!!!
E no final da competição, Grêmio bicampeão brasileiro.
CLICESPORTESLocal: Beira-Rio (Porto Alegre) Juiz: Carlos Elias Pimentel (RJ) Público: 39.621 Renda: R$ 491.200,00 Gols: Paulo Nunes aos 5 do 1° tempo; Murilo aos 7 e Dinho aos 21 do 2° tempo Cartão Amarelo: Leandro, Arílson, Adílson e Arce Cartão Vermelho: Carlos Miguel |
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INTER 1 | GRÊMIO 2 |
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André, César Prates, Tonhão, Gamarra e Arílson; Fernando, Enciso (Luis Gustavo), Marcelo e Murilo (Yan); Fabiano (Fabinho) e Leandro. | Danrlei, Arce, Luciano, Adílson e Roger; Dinho, Goiano, Aílton (Emerson) e Carlos Miguel; Paulo Nunes (João Antônio) e Saulo (Zé Alcino). |
Técnico: Nelsinho Batista | Técnico: Luiz Felipe Scolari |
Golaço de Paulo Nunes abriu caminho para a vitória gremista no Beira-Rio
Foto:
Julio Cordeiro, BD Zero Hora
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