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 | 13/10/2009 05h30min

O Brasileirão está desmoralizando nossos técnicos

Diogo Olivier, colunista online  |  diogo.olivier@zerohora.com.br




A inusitada segunda-feira de futebol exige uma boa discussão. Bastou Muricy Ramalho perder um só bom jogador e o líder do campeonato começou a patinar. Sem o convocado Diego Souza contra o Avaí, a muito custo o Palmeiras arrancou um empate em 2 a 2 no Parque Antártica. Aí Wagner Love foi expulso. Sem os dois, nos Aflitos, o flamante provável campeão apanhou de 3 a 0 do Náutico. Se você viu o jogo, concordará comigo: podia ter sido mais. O Atlético-MG, sem Diego Tardelli, também chamado por Dunga, perdeu o seu craque na hora do clássico. Deu Cruzeiro 1 a 0.

O que nos diz a rodada, então?

A rodada nos ensina que o técnico não é tão fundamental assim. Pelo menos não como se apregoa no Brasil. É um elemento importante no futebol, claro que sim, mas não o único em um esporte coletivo. Quem decide é o jogador. O bom jogador. Nem precisa ser craque, artigo raro. Basta ser bom.

O Flamengo. Andrade está na Gávea há anos. Brilhou nos anos 80 como esteio do meio-campo liderado por Zico (este sim, um craque) e, desde então, virou o eterno interino. Cuca deixou o cargo, Andrade assumiu e, desta vez, foi ficando. Quem está jogando o melhor futebol do momento? O Flamengo. E desde quando o Flamengo engrenou? Desde que trouxe Petkovic de volta. Na vitória sobre o São Paulo por 2 a 1, o sérvio regeu tudo: time, torcida, Andrade. Tudo. E ainda tem Adriano voltando da Seleção.

Os torcedores mandam e-mails, criam refrões, participam de enquetes, acionam todas as forças do universo para derrubar o treinador de plantão quando deveriam gastar a mesma energia promovendo passeatas para exigir a contratação deste ou aquele bom jogador.

O Corinthians deu uma tacada de Tiger Woods, apostou em Ronaldo e está aí, garantido na Libertadores e com duas taças no armário: do Paulistão e da Copa do Brasil. Tem um ótimo técnico, Mano Menezes. É verdade. Mas Mano Menezes foi esperto e montou o Corinthians em torno de Ronaldo. Disse isso com toda as letras, inclusive.

No Grêmio, Paulo Autuori não fará Thiego ser lateral-direito. Não transformará Tcheco em craque de Seleção Brasileira. Não pode se fardar de goleiro quando Victor estiver fora. Contra Náutico e Atlético-PR, o Inter de Mário Sérgio mostrou problemas parecidos ao Inter de Tite. E Tite, quando teve Nilmar, ganhou. Quando Nilmar se foi, perdeu. O Santos torra R$ 500 mil mensais com Wanderley Luxemburgo. Ocupa o limbo da tabela. Não seria mais razoável pagar um salário desses para Riquelme, por exemplo?

Não está escrito em lugar algum que os times precisam ser montados em torno do técnico. Deveria estar no Estatuto do Torcedor: o maior salário do clube tem que ser dado ao melhor jogador. Jamais ao treinador.

Para 2010, em vez de pensar só em planejamento estratégico com grupos medianos e técnicos de grife, Inter e Grêmio deveriam ousar e trazer um jogador acima da média. Um só, ao menos. Pode apostar que será ele, e não o técnico, o motor capaz de fazer tudo dar certo, a começar pelo tal planejamento. Nada substitui o talento.




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