| 07/10/2009 04h10min
Uma reunião na sede do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), hoje à tarde, no Rio, poderá abrir caminho para o financiamento da remodelação do Beira-Rio para a Copa de 2014. O dinheiro viria de uma linha de crédito de R$ 4,8 bilhões para reforma e construção de estádios, mas o Inter ainda desconhece condições como juros e prazo de pagamento.
Conforme o vice de Patrimônio, Emídio Ferreira, o custo do novo Beira-Rio ficará entre R$ 130 milhões e R$ 150 milhões. O valor está dentro do limite de R$ 400 milhões por estádio imposto pelo BNDES, cujo teto de financiamento não pode passar de 75% do total da obra. No caso das arenas públicas, os juros propostos estão em 7,9% ao ano, com prazo de carência de dois anos e parcelamento em 10 anos.
A questão é que os estádios privados (Beira-Rio, Morumbi e Arena da Baixada) terão negociações à parte. De acordo com a assessoria do BNDES, dependerão de avaliação de risco e de garantias para o banco. Se a
proposta não for vantajosa,
explicou Ferreira, o Inter pode dispensar o financiamento.
– Estão nos chamando para sentar. Vamos lá escutá-los. Clubes de futebol têm problemas para buscar financiamentos – afirmou o vice de Patrimônio.
Segundo ele, a prioridade hoje é garantir isenção de impostos na compra de insumos para as obras do estádio. O clube busca fugir de tributos como IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), ISSQN (Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza) e ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços). A remodelação deve durar dois anos e ainda não tem data de término.
Prefeitura quer liberação de dinheiro público em vez de empréstimos
Se o Inter espera pelas condições do BNDES, a prefeitura de Porto Alegre reclama da falta de liberação de dinheiro público para obras de infraestrutura. O vice-prefeito e secretário extraordinário da Copa, José Fortunati, chiou ontem em relação ao que considera descaso com o
Mundial.
– O governo federal está brincando com a Copa.
Está mais preocupado com a Olimpíada do Rio/2016. Tem que rever a posição e colocar recursos seus. Para Porto Alegre, está lavando as mãos – criticou.
Fortunati fez a queixa porque, segundo ele, a prefeitura não teria hoje capacidade de contrair financiamentos. Se o fizer, sustentou, abrirá rombos em outras áreas. Por essa ótica, nenhum centavo dos R$ 5 bilhões previstos pelo BNDES para o PAC da mobilidade acabaria em Porto Alegre. O banco planeja disponibilizar R$ 15 bilhões entre Copa e Olimpíada – além do dinheiro dos estádios e da infraestrutura em transportes, R$ 5 bilhões irão para a ampliação da rede hoteleira.
A assessoria do BNDES informou que, em caso de projetos especiais, pode acontecer descontigenciamento. Significa liberar verbas em condições diferenciadas. O banco, no entanto, não soube adiantar se Porto Alegre se enquadraria nestas condições.
Como será o financiamento público para a Copa e a
Olimpíada
VALOR TOTAL - R$ 15 BILHÕES
- É
quanto o BNDES disponibilizará para a Copa de 2014 e a Olimpíada de 2016
- R$ 5 bilhões para o PAC da mobilidade (infraestrutura em transportes)
- R$ 4,8 bilhões para reforma ou construção de estádios
- R$ 5 bilhões para reforma de hotéis. O aporte inicial é de R$ 1 bilhão, para a Copa
O EMPRÉSTIMO DOS ESTÁDIOS
- Limite de R$ 400 milhões
- Financiamento de até 75% do valor
- Dois anos de carência, mais 10 anos de prazo
OS JUROS PARA OS ESTÁDIOS PÚBLICOS
6% (taxa do BNDES, que pode variar)
+
1,9% (custos de empréstimo e de risco)
=
7,9% ao ano
Haverá negociação nos estádios privados, caso a caso.
R$ 150 MILHÕES - É o custo máximo da remodelação do Beira-Rio (fotos acima e à direita). A obra depende das condições de financiamento e da venda do terreno do antigo Estádio
dos Eucaliptos. O Inter quer arrecadar ao menos R$ 20 milhões com a área.
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