| 06/10/2009 23h30min
A investigação aberta pelo Departamento Estadual de Trânsito (Detran) para esclarecer uma possível fraude na mudança de categoria da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) do goleiro do Avaí, Eduardo Martini, deve ser finalizada na semana que vem.
Os indícios apontam para uma tentativa de emissão de CNH com mudança de categoria sem a realização de aulas práticas e de teste. Tudo começou com a suspeita levantada por um chefe da Circunscrição Regional de Trânsito (Ciretran), de acordo com o corregedor do Detran, Max Magno Vieira. Ele observou que um examinador trabalhava mesmo estando de licença. A partir daí, uma série de eventos alarmou o departamento sobre uma possível fraude.
— O examinador que estava de licença havia, supostamente, aplicado uma prova prática em 21 de setembro, mesmo dia em que recebeu de presente uma camisa do Avaí;
— É também do dia 21 o registro do teste de Martini, que, conforme o processo pleiteava a troca da
categoria AB para a AD;
— Desconfiado, o
chefe do Ciretran passou a verificar o controle das aulas práticas do jogador. As datas das 15 aulas teriam sido 10, 11, 12, 14 e 15 de setembro;
— Apreciador de futebol, ele lembrou que no dia 12 a equipe do Avaí jogou em São Paulo;
— Além disso, a cada aula, o aluno precisa assinar a frequência em uma planilha. Antes da primeira e da última assinatura no documento de Martini, estavam duas marcações, supostamente para que ele não assinasse além das 15 aulas que deveria ter frequentado;
— O chefe do Ciretran levou as informações à gerente de habilitação. No mesmo dia foi instaurado o procedimento de investigação, apesar de a documentação estar pronta para expedir a carteira;
— No controle das aulas práticas, os dados também não conferiam. A marcação no veículo usado seria de 8.123 quilômetros rodados, segundo a planilha. Na conferência da corregedoria, o carro, uma Ducato, tinha, na verdade, 4.844 quilômetros;
— A
diferença leva a corregedoria a crer que os dados
preenchidos na planilha, de responsabilidade de um Centro de Formação de Condutores (CFC), eram fictícios;
— Como a autoescola responsável pelos testes de Martini não podia dar aulas práticas da categoria D, elas teriam sido forjadas com a planilha de um segundo centro de formação;
— O dono da primeira autoescola teria falado com um instrutor da segunda autoescola, que tem a categoria D, para pegar a planilha assinada.
Jogador não quis comentar
A suposta fraude na mudança de categoria da CNH de Martini surgiu na segunda-feira, dia 5, em uma nota do colunista do DC, Cacau Menezes. A reportagem não conseguiu falar com o goleiro naquele dia, mas, para Cacau, ele reconheceu que não fez a prova. O jogador também não quis falar com a reportagem nesta terça-feira, dia 6.
Martini afirmou que, em maio, apenas renovou sua CNH. Ele tem habilitação AB, para dirigir moto e carro. O Detran não
informou os nome das autoescolas ou do examinador. A corregedoria ouviu
Eduardo Martini, o instrutor do segundo CFC, o examinador e o dono do primeiro CFC. Falta ouvir o dono da segunda autoescola e avaliar se o Centro teve participação ou se só o instrutor esteve envolvido. Martini admitiu que não pagou as taxas no valor total de R$ 107,7.
O examinador, que está afastado, nega o recebimento da camisa do Avaí e qualquer ligação com a fraude. Ele é policial civil, por isso o Detran vai comunicar o caso à corporação. Um segundo examinador, que tentou encobrir o esquema, também foi afastado.
As punições podem ser advertência, suspensão ou descredenciamento. Os envolvidos podem ser investigados por falsidade ideológica.
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