Os jogadores locais da seleção boliviana não se apresentaram na quinta-feira para o início da preparação para o duelo contra o Brasil, no dia 11, em La Paz, pelas Eliminatórias para a Copa-2010. O Sindicato de Jogadores Bolivianos (Fabol) ratificou a renúncia dos convocados em repúdio às atuais condições do futebol do país.

A principal reivindicação dos atletas diz respeito à participação direta na gestão do futebol local. Os jogadores desejam fazer parte do Comitê Executivo da Federação Boliviana de Futebol (FBF), o que lhes daria direito a voto nas decisões da entidade.

O presidente da FBF, Carlos Chávez, esteve reunido com dirigentes da Fabol na quinta-feira. O encontro levou a avanços nas negociações, apesar de não haver ainda um acordo definitivo. Segundo a imprensa boliviana, o acerto pode acontecer já nesta sexta.

Há, no entanto, resistência à mudança dentro da própria federação. É o caso, por exemplo, do secretáro-geral da entidade, Pedro Zambrano:

– Isso é algo desconsiderado. É como se nós da federação tomássemos conta da direção da Fabol, ou algo parecido – salientou.

Ao saber da decisão dos jogadores, nem mesmo Erwin Sánchez, técnico da seleção, apareceu para o período de treinos. Ainda não há informações sobre a formação de uma equipe alternativa para enfrentar o Brasil, caso os convocados não se apresentem.

Greve pode provocar duras punições

Os jogadores da seleção boliviana podem ser duramente punidos caso, de fato, não entrem em campo para enfrentar o Brasil. Segundo o código disciplinar da Federação local, cada jogador que renunciar à convocação será suspenso do futebol por um ano.

Ricardo Pérez, presidente da Comissão Nacional de seleções da entidade já confirmou que, caso a greve seja mantida, as devidas punições serão aplicadas:

– Confiamos na apresentação dos jogadores convocados. Caso contrário, tomaremos as medidas previstas nos regulamentos da Federação e da Fifa.

A Federação, no entanto, também pode sofrer sanção. O regulamento da Copa-2010 prevê que as seleções devem participar de todas as partidas das Eliminatórias. Se não cumprir a exigência, o país pode ser punido com multa, indenizações financeiras e até exclusão das competições oficiais da Fifa.