| 08/09/2009 12h02min
Paulo Autuori falava nele sem ser perguntado. Souza prometeu soltar foguetes para celebrar sua chegada. A torcida sonhou com o novo parceiro de Maxi López. De obsessão, a contratação do atacante Leandro virou decepção no Grêmio. Depois do acerto inicial, os japoneses do Verdy Tokyo não o liberaram. Sem mandar representante a Tóquio, a direção gremista apostou no poder de negociação do atleta. Ele tentou, mas chegou a seu limite:
– Insisti tanto que comecei a me queimar. Então, tive de desistir.
– Fiz o que pude, e acho que o Grêmio também. Tenho promessa de ser liberado ano que vem. Aí, vou a Porto Alegre – promete Leandro.
O Grêmio começou a negociar com Leandro em 6 de agosto. Após contatar o empresário Téo Constantin, o diretor de futebol Luiz Onofre Meira, o diretor executivo Mauro Galvão e o técnico Paulo Autuori falaram com o atleta em mais de 40 telefonemas.
– Todos me trataram bem. Demonstraram um carinho grande. Aceitei na hora – disse Leandro.
A negociação com o Verdy começou após acerto salarial com o atleta - R$ 150 mil mensais. Ele só seria liberado com pagamento de US$ 1 milhão (R$ 1,85 milhão). O Grêmio achou caro. Conseguiu reduzir para US$ 700 mil (R$ 1,29 milhão).
O atacante teria, porém, de devolver adiantamento de R$ 554 mil do Verdy. Aceitou. Recuperaria o valor, diluído, no contrato com o Grêmio.
– Estava tudo certo, até o negócio chegar ao presidente do clube (Yoshifusa Kominato). Ele vetou, apoiado pelo patrocinador – lamenta Leandro.
Isso ocorreu em 24 de agosto (18º dia de tratativas). Cinco dias depois, o Grêmio desistiu.
O Verdy Tokyo pertence à emissora Nippon Television, espécie de TV Globo japonesa. E para o presidente da Nippon, Noritada Hosokawa, era “imprescindível” ter Leandro na Segunda Divisão de lá. O time é oitavo, a 19 pontos do líder (só três sobem).
Para o Grêmio, a culpa é de todos
A direção do Grêmio nega ter falhado na negociação. O presidente Duda Kroeff e o diretor de futebol Luiz Onofre Meira culpam o desinteresse do Verdy Tokyo em liberar Leandro.
– Se houvesse erro, admitiria – diz Duda.
A dupla garante que desde o começo da negociação sabia ser preciso convencer o patrocinador, bem como da dificuldade disso. Os dirigentes julgaram desnecessário ter representante em Tóquio, o que não fez Meira deixar de culpar o fuso horário (12 horas à frente, no Japão) pela dificuldade de comunicação.
– O patrocinador não deu margem para negociar. O Grêmio fez tudo ao seu alcance – disse Meira.
– Só gastaríamos dinheiro na viagem – completa o presidente.
Duda recorda que Leandro avisou da falta de vontade da Nippon Television em liberá-lo.
– Ele dizia que ia tentar mudar o quadro. Ficamos esperando – desculpa-se.
Frustrado pelo fracasso no caso Leandro, Duda diz-se aliviado por trazer o volante Rochemback.
– Não são da mesma posição, mas pior seria ficar sem os dois – compara.
Leandro: insisti tanto que comecei a me queimar. Então, tive de desistir
Foto:
Gaspar Nóbrega, Vipcomm
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