| 03/08/2009 18h10min
Após ser demitido da Renault, Nelsinho Piquet disparou contra Flavio Briatore, seu ex-chefe e empresário. Em comunicado, o brasileiro chamou o empresário italiano de "carrasco", já que não foi seu parceiro ao longo destes dois anos na equipe francesa, onde sofreu com uma intensa pressão. As informações são do site Globoesporte.com.
"Se eu agora preciso dar explicações, estou certo de que é por causa da situação injusta que tenho vivido nos últimos dois anos. Eu sempre acreditei que ter um manager seria fazer parte de uma equipe e que teria nele um parceiro. Um manager deve encorajar, apoiar e fornecer oportunidades. No meu caso foi o contrário, Flavio Briatore foi o meu carrasco."
O brasileiro disse também que seus resultados neste período na Fórmula-1 não correspondem ao seu talento. Segundo Nelsinho, o mau desempenho foi culpa das condições adversas que encontrou na Renault.
"O caminho para a F-1 sempre foi complicado, e meu pai e eu, por isso,
assinamos um contrato de management
com o Flavio Briatore. Acreditávamos que seria uma excelente opção, pois ele possuía todos os contatos e as técnicas de negociação necessárias. Infelizmente, foi aí que o período negro da minha carreira começou. Passei um ano como piloto de testes, mas com poucos treinos. No ano seguinte iniciei como piloto oficial da Renault. Após a abertura da temporada, algumas situações estranhas começaram a acontecer. Como um novato, esperava de minha equipe muito apoio e preparação para me ajudar a alcançar nossos objetivos. Em vez disso, eu era apenas tido como 'aquele que pilotava o outro carro', sem atenção nenhuma."
Segundo Nelsinho, Briatore chegava a ameaçá-lo de demissão antes das classificações.
"Para piorar, em inúmeras ocasiões, 15 minutos antes da classificação e das corridas, o meu manager e chefe de equipe me ameaçava, dizendo que se eu não conseguisse um bom resultado, ele já tinha outro piloto pronto para colocar no meu lugar. Eu nunca precisei de ameaças para
obter resultados. Em 2008,
conquistei 19 pontos e terminei no pódio uma vez em segundo lugar, fazendo a melhor temporada de estreia de um brasileiro na F-1."
O chefe da Renault teria prometido igualdade de condições com Fernando Alonso neste ano. No entanto, segundo Nelsinho, a situação não se alterou dentro da equipe francesa.
"Para 2009, Flavio Briatore me prometeu que tudo seria diferente, que eu teria a atenção que merecia mas nunca havia recebido, e que teria pelo menos 'igualdade de condições' dentro da equipe. Ele me fez assinar um contrato baseado em desempenho, exigindo que eu obtivesse 40% dos pontos de Fernando Alonso até a metade da temporada. Mesmo sendo companheiro de um bicampeão mundial e realmente um excelente piloto, eu estava confiante de que, se eu tivesse as mesmas condições, alcançaria facilmente os 40% dos pontos exigidos pelo contrato" disse Nelsinho, que já teve problemas nos testes de pré-temporada:
"Infelizmente, as promessas não se transformaram
em realidade novamente. Com o carro
novo eu completei 2.002 km de testes, contra os 3.839 km de Fernando. Apenas três dos meus dias de teste foram com pista seca e bom tempo, apenas um dos testes do Fernando foi em pista molhada. Eu testava sempre com o carro pesado, pneus duros, principalmente no primeiro dia (quando a pista é lenta ou a confiabilidade pequena), ou então com o tempo ruim. Fernando testava um carro leve, pneus moles, pista seca e em boas condições. Nunca tive a chance de estar preparado para classificar no sistema que utilizamos. Na Fórmula 1 de hoje, a diferença entre o primeiro e 15º é, muitas vezes, menos de um segundo. Isso significa que dois ou três décimos podem fazer você ganhar oito posições. Além disso, devido proibição de testes durante o campeonato, o desenvolvimento do carro hoje acontece de corrida a corrida."
Nelsinho reclamou também da estratégia recorrente da Renault de colocá-lo nas corridas sempre mais pesado que Fernando Alonso, seu companheiro de equipe.
"Das oito
corridas (N.R.: foram 10)
que eu fiz este ano, em quatro delas o Fernando teve um upgrade significativo no carro, e eu não. Eu fui informado pelos engenheiros da Renault que, nessas corridas eu tive um carro que estava entre cinco e oito décimos por volta mais lento do que o do meu companheiro. Se olharmos para a prova da Alemanha (onde eu classifiquei na frente do meu companheiro de equipe apesar de tudo isso), caso eu tivesse a citada vantagem na classificação eu teria sido quinto e não décimo. Se tivéssemos essa diferença a nosso favor na corrida, eu teria terminado à frente do meu companheiro, o que fiz em Silverstone, apesar de ele ter podido contar com as atualizações que eu não tinha."
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