Contra a marcação, jogadas pelos lados de campo. Tite quer superar o bloqueio defensivo armado pelo Grêmio com os avanços de Bolívar e Kleber, sobretudo deste último. Outro recurso do técnico do Inter, que venceu todos os Gre-Nais em 2009, será a utilização de Sandro como elemento surpresa. Tudo para evitar que os atacantes Taison e Nilmar fiquem isolados na frente, como aconteceu com Ronaldo, domingo.

Somente no treinamento de hoje pela manhã, outra vez com portões fechados, Tite irá ensaiar a estratégia do Inter para o clássico. Como tinha convicção de que D’Alessandro seria liberado, incluiu o argentino na lista de concentrados e exigiu bastante dele no treinamento. Com poucos volantes no grupo, ele irá repetir o esquema 3-5-2. Ontem, os titulares fizeram apenas trabalhos leves, para que se recuperassem da estafante sequência de jogos.

Durante a semana, Tite assistiu ao teipe de Grêmio e Corinthians. Ontem, ele reconheceu que o time de Autuori foi eficiente em reduzir a participação de Ronaldo, através de uma forte marcação sobre Elias e Douglas, os jogadores de criação da equipe de Mano Menezes.

– O Paulo Autuori é muito competente. O Grêmio é um time equilibrado. Vamos usar as saídas de bola com os volantes ou os laterais – antecipou.

Nilmar prevê marcação especial no clássico. Sem ter conseguido marcar nos dois últimos Gre-Nais, ele prevê atenção redobrada por parte dos zagueiros e volantes do Grêmio. Foi de um vacilo defensivo do adversário que ele marcou o segundo gol do Inter no primeiro clássico do ano, disputado em fevereiro, em Erechim.

– Em clássicos, a atenção sempre é maior. Ainda mais contra um ataque veloz como o nosso. Temos que nos movimentar ainda mais e não aceitar a marcação – recomenda o atacante.

Tite não teme que volte a ser pressionado em caso de mau resultado. Aliviado pela vitória contra o Fluminense, ele admitiu, sorrindo, que “nuvens negras” sempre aparecem quando os resultados não são bons.

– Futebol é imediatista. Não temos a cultura de aguardar. Tenho que aprender a conviver com isso – resigna-se.

Cara de Autuori

Nilmar será Ronaldo. Taison será Jorge Henrique. É assim, dando ao Inter o mesmo tratamento disponibilizado ao campeão da Copa do Brasil, que o Grêmio tentará vencer o clássico deste domingo, no Olímpico. A ordem é marcar os meias, volantes e laterais colorados para que eles não consigam passar nem lançar a bola para os atacantes – contra jogadores velozes, a zaga gremista teria dificuldade no mano a mano. Exatamente como o Grêmio fez contra o Corinthians, na recente goleada por 3 a 0, em Porto Alegre.

Desde que assumiu o Grêmio e mudou o esquema tático da equipe, passando do 3-5-2 para o 4-4-2, Paulo Autuori cita cinco jogos como os mais próximos daquela mecânica de jogo que ele quer para o time: os dois contra o Cruzeiro, pela Libertadores, as vitórias sobre Atlético-PR e Corinthians, e até mesmo a derrota para o Coritiba. Desses, um é o modelo para o restante da temporada: a goleada sobre o time de Mano Menezes. E é este mesmo desempenho que ele quer ver no Gre-Nal. Além da forte marcação, ataques em série, e gols marcados ainda nos primeiros minutos.

– O jogo contra o Corinthians é a nossa referência de bom futebol. Estamos em condições de manter um desempenho constante daqui para a frente – disse Autuori.

Rafael Marques será o substituto do suspenso Léo, pelo lado direito da zaga – Réver jogará pelo lado esquerdo. Junto com ele Joílson ou Makelele substituirá o outro suspenso gremista, Willian Thiego. A ideia é manter a mecânica da equipe.

– Nilmar e Taison são jogadores de velocidade e de qualidade. Precisamos neutralizá-los, como fizemos na partida contra o Corinthians, quando nosso meio-campo bloqueou a bola que deveria chegar ao Ronaldo. Será uma marcação agressiva aos meias do Inter. Não podemos deixar a bola chegar aos atacantes – comentou Rafael Marques.

Em seguida, o zagueiro resumiu o sentimento no Olímpico:

– É jogo para matar no primeiro tempo com as chances que tivermos, pois será um jogo dos mais difíceis.

ZERO HORA