| 17/07/2009 07h10min
Mutos personagens da história do Gre-Nal ficaram marcados por participar do clássico dos dois lados. Outros, porém, não cogitam atuar pelo time rival. É o caso de Abel Braga, com cinco passagens pelo Inter. O técnico do Gre-Nal do Século considera "impossível" se transferir para o Grêmio um dia.
No dia em que o clicEsportes relembra aquele jogo histórico pela semifinal do Brasileirão, confira outras declarações de Abel:
clicEsportes — Perdendo de 1 a 0 e com um a menos em campo, como foi a conversa com os jogadores no intervalo do Gre-Nal do Século?
Abel Braga — A primeira coisa que eu fiz foi chutar tudo que eu via pela frente. Primeiro eu apelei com eles, disse que não admitia que a nossa equipe jogasse de forma covarde. Não era a equipe que eu conhecia. Todo mundo estava esperando uma atuação diferente, pelo menos com caráter, com hombridade. Eu tenho esse hábito: quando eu tenho que dar
uma dura, eu dou, depois eu paro. Aí eu parei, fiquei
quieto, deixei eles pensarem, respirarem um pouco, e perguntei: "Vem cá, vocês acham que dá para virar ou não? Se acham que não, vou mudar para não tomar uma goleada. Se vocês acham que nós temos condições de virar, vou mudar para a gente ganhar". Dei sorte. Não sei de que maneira as palavras entraram na cabeça dos jogadores, mas foi isso que aconteceu.
clicEsportes — O que possibilitou aquela virada improvável?
Abel Braga — A reviravolta se deu principalmente porque os jogadores mudaram a atitude. Eu não simplesmente fiz a mudança. Eu perguntei se eles acreditavam, porque se eles não acreditassem eu faria uma substituição diferente. Cada um de nós tinha que dar um pouco a mais daquilo que é capaz para suprir a ausência de um jogador, e conseguimos. Em nível tático, foi a polivalência do Edu Lima que deu o suporte necessário. Todos tiveram uma atuação individual excepcional no segundo tempo, porque o primeiro foi horroroso.
clicEsportes — Você considera o
Gre-Nal diferente dos demais clássicos do Brasil?
Abel Braga — Na dimensão da rivalidade, não tem nada igual. Pena que essa rivalidade positiva nos últimos tempos tem se tornado um tanto quanto exagerada. Acho legal demais a rivalidade futebolística, de barzinho, de boteco, de arquibancada, mas está passando um pouco do limite da racionalidade. Tem se visto violência, quebra-quebra. Porque o Gre-Nal não é só uma rivalidade futebolística, é uma coisa cultural dentro do Rio Grande do Sul. Aqui você tem muitos jogos charmosos, como Fla-Flu, Vasco x Flamengo, mas eles não fazem parte da cultura do Rio de Janeiro. O Gre-Nal é diferente, tem um peso diferente em nível de Brasil. O gaúcho, antes de ser colorado, é anti-gremista, e antes de ser gremista, é anti-colorado, mas isso tem que ter limite para não perder a beleza.
clicEsportes — Vocês descarta treinar o Grêmio um dia?
Abel Braga — Eu acho muito
impossível, porque são cinco passagens pelo Inter. E essa
última marcou muito. Foi quando eu vi realmente o Inter no seu maior estágio, o Inter muito bem administrado, o Inter com uma estrutura patrimonial muito grande, com uma condição de trabalho excelente, departamento médico, vestiário, campo de treinamento, tudo. A minha identificação com o Colorado é muito grande, eu sou vermelho. Não seria bom para o Grêmio e não seria bom para mim. Então essa relação que eu tenho com o Inter até pode vir a ser quebrada um dia por qualquer outra razão, mas não acredito que será por eu trabalhar no Grêmio. Isso é impossível apesar de toda a admiração, o respeito e o carinho que tenho pelo Grêmio, que é um grande clube do Brasil. Os poucos grandes amigos que eu tenho no futebol são todos ligados ao Inter.
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