| 13/07/2009 19h04min
Em julgamento realizado na tarde desta segunda-feira, na sede do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), no Rio de Janeiro, o argentino D'Alessandro foi suspenso por 60 dias e mais um jogo pelos incidentes ocorridos durante a final da Copa do Brasil contra o Corinthians, no dia 1º de julho, no Estádio Beira-Rio.
O departamento jurídico do Inter conseguiu desqualificar a denúncia contra D'Alessandro de agressão contra Cristian para para ato de hostilidade. Por ser primário, o argentino pegou pena mínima, que é de uma partida. Esta punição se soma aos 60 dias aplicados pelo Tribunal pela tentativa de agressão ao jogador William.
O Inter tem um prazo de três dias para solicitar o recurso e encaminhar o efeito suspensivo da punição ao jogador.
O lateral-esquerdo Kléber, que não foi expulso na partida, mas foi denunciado pela prova de vídeo, também foi a julgamento por ato de hostilidade e pegou a pena mínima de uma partida.
O técnico Tite foi absolvido da denúncia por ter invadido o gramado do Beira-Rio na final contra o Corinthians.
Pela proporção dos fatos, o Procurador do STJD, Wanderley Rebello, quer que as penas em jogos, que teriam que ser cumpridas apenas na Copa do Brasil do ano que vem, sejam cumpridas já neste Brasileirão.
Antes mesmo de sair o resultado final do julgamento, o departamento jurídico do Inter pediu para que ficasse claro se a punição em jogos será cumprida já neste Brasileirão ou na próxima Copa do Brasil.
– Queremos ter a garantia de que poderemos colocar os jogadores em campo normalmente – revelou Daniel Cravo.
Os auditores disseram que esta é uma questão para o departamento de competições da CBF, e que não cabe à Corte decidir. Mas, o presidente da comissão, Henrique Domenici, disse que, no entender da maioria dos auditores, D'Alessandro e Kleber não teriam condições de jogar contra o Fluminense no meio da semana.
A decisão oficial deve ser anunciada na terça-feira.
O departamento jurídico do Inter inovou na defesa. O clube levou uma prova de vídeo em 3D. O problema é que o televisor do Tribunal não tinha grande resolução. Mesmo assim, alguns lances ficaram mais visíveis no meio da confusão, como o empurrão de Douglas em Cristian, ambos corintianos, para que este ficasse mais tempo deitado no gramado e prorrogasse ainda mais o recomeço da partida, provocando o começo de toda a confusão.
Entenda o caso:
D'Alessandro era o caso mais complicado para o departamento jurídico do Inter. O argentino, que é réu primário no STJD, foi denunciado duplamente por agressão física, no artigo 253 do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD). O árbitro Ricardo Pereira descreveu na súmula que o jogador colorado chutou Cristian no chão e, logo em seguida, partiu para cima de Willian com a intenção de agredir o corintiano.
Pelo suposto chute em Cristian, D’Alessandro poderia ser suspenso de 120 a 540 dias, já que o ato foi caracterizado como consumado. Já pela tentativa de agressão ao capitão do Corinthians, o meia poderia pegar de 60 a 270 dias de gancho, já que a pena cai pela metade quando há somente a tentativa de agredir. Em caso de condenação dupla, as penas seriam somadas.
Já o lateral-esquerdo Kleber não foi expulso de campo na decisão da Copa do Brasil, mas foi denunciado pelo STJD por prova de vídeo. O jogador teria praticado ato de hostilidade contra o volante corintiano Cristian, puxando-o para retirá-lo de campo, inclusive, direcionando palavras ofensivas ao seu adversário, durante a substituição do alvinegro.
Kleber foi denunciado no artigo 255 (praticar ato de hostilidade contra adversário) do CBJD. A pena varia de uma a três partidas de suspensão.
Já Tite foi a julgamento pois o árbitro Ricardo Pereira alegou que o treinador do Inter invadiu o campo sem a autorização no momento da confusão. A pena para o artigo 274 varia de 120 a 720 dias de suspensão.
O julgamento
O primeiro a ser chamado para prestar depoimento foi o meia D'Alessandro. O argentino disse que não agrediu Cristian, queria só que o jogador, que foi substituído, deixasse o campo rapidamente. Sobre a ameaça de agressão a Willian, o meia revelou que não agiria daquela forma se não tivesse sido insultado antes pelo corintiano. O meia afirmou que foi expulso da partida pela pressão exercida pelos adversários junto ao árbitro.
Depois, quem falou no Tribunal foi Kleber. O jogador do Inter admitiu que houve uma troca de xingamentos entre ele e Cristian, mas também negou agressão ao corintiano. Segundo Kleber, todos os jogadores do clube gaúcho ficaram indignados com a tentativa de retardar o recomeço da partida por parte dos adversários. O lateral-esquerdo revelou ter sido chamado para a briga pelo atleta paulista.
O lateral-direito Bolívar, que foi até o Rio de Janeiro para servir como testemunha de defesa do Inter, foi chamado em seguida para depor. O atleta criticou a arbitragem do mineiro Ricardo Pereira por não coibir a cera dos jogadores do Corinthians e garantiu que não houve agressão por parte dos colorados.
Depois das testemunhas, o Procurador Wanderley Rebello tomou a palavra. Ele classificou o episódio ocorrido na final da Copa do Brasil como lamentável. Disse que viu a agressão do argentino e ainda revelou que é raro um jogador ficar tanto tempo arrumando confusão como D'Alessandro. Para arrematar, pediu uma punição exemplar ao meia colorado:
– Ele chutou, proferiu ofensas. O jogo deixou uma imagem ruim para a sociedade e é preciso ter uma punição exemplar para D'Alessandro – disse o Procurador do STJD, Wanderley Rebello.
O Procurador também foi duro nas palavras em relação ao lateral-esquerdo Kleber e ao técnico Tite. Wanderley Rebello disse que a denúncia formulada no artigo 255, contra o lateral-esquerdo, ficou barata e defende uma punição acima da mínima, que é de apenas um jogo de suspensão. Em relação ao treinador, Procurador disse que Tite também merece uma suspensão maior do que a mínima:
– Ele invadiu o campo e não conseguiu nem memo conter os seus jogadores – disse o Procurador Wanderley Rebello, se referindo ao técnico Tite.
O advogado do Inter criticou a postura do Triunal neste caso. Segundo Daniel Cravo, o principio da igualdade foi deixado de lado na denúncia, já que os jogadores do Corinthians não foram denunciados.
Daniel Cravo ainda completou afirmando que há chutes de diferentes formas e que o dado por D'Alessandro não seria digno de ser classificado como agressão física.
– O jogador do Inter não "bateu um tiro de meta" na perna do corintiano. Foi um contato singelo – afirmou o advogado do Inter.
O representante do departamento jurídico do Inter pediu a desclassificação para ato de hostilidade e quer a pena mínima neste artigo, que é de um jogo de suspensão:
– Não entendo a procuradoria pedir pena acima da mínima para o réu, que é primário.
Em relação a Kleber, Daniel Cravo pediu a pena mínima para o jogador.
Depois que o advogado do Inter falou, o auditor-relator Wagner Madruga do Nascimento proferiu seu voto. Com base na defesa do advogado gaúcho, ele pediu que a procuradoria analise as atitudes de Douglas e Cristian. Em seguida, votou pela desclassificação da primeira denúncia de agressão a D'Alessandro pelo chute em Cristian para o artigo 255 (Ato de hostilidade) e aplica um jogo de suspensão. Já para a tentativa de agressão a Willian, aplicou 60 dias de suspensão, que é a pena mínima. Para Tite, Wagner Madruga, pediu a suspensão de 120 dias, também pena mínima. NO entanto, mais tarde, ele mudou seu voto e absolveu Tite.
O auditor Ricardo Graiche foi o próximo a votar. Ele acompanhou o relator em relação a Kleber e D'Alessandro, mas pediu absolvição ao técnico Tite.
Da mesmo forma votou o auditor Diego Mendes, mantendo a pena de 60 dias de suspensão ao argentino D'Alessandro e um jogo para Kleber. Tite deve ser absolvido, para ele.
O presidente da Comissão, Henrique Domenici, proferiu o último voto do julgamento e também acompanhou os demais auditores, inclusive mantendo a absolvição de Tite.
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