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 | 26/06/2009 05h10min

Fim do autismo pode ser começo da virada do Inter

Diogo Olivier, colunista online  |  diogo.olivier@zerohora.com.br



 Mauro Vieira










Procurei, procurei, procurei mais um pouco, quase desisti, tornei a procurar. Persisti. Demorou, admito, mas encontrei. Achei algo positivo na derrota assustadora do Inter de D'Alessandro (foto) para a LDU por 1 a 0, ontem, no Beira-Rio. É o seguinte: acabaram-se as desculpas. Dirigentes, jogadores e o técnico Tite agora admitem o que antes insinuavam não passar de exagero da imprensa, que teimava em não avaliar corretamente a abrangência dos desfalques no time.

O Inter está em crise técnica. E na pior hora possível: a hora de decidir títulos.

Não que isso represente uma solução em si mesma, mas enxergar a realidade já é um começo. Se o Inter seguisse naquele mundo autista de negar a realidade e buscar desculpas externas para suas repetidas atuações medíocres, afirmando que tudo se resolveria à medida que os titulares voltassem ao time, aí sim as chances de ainda ser campeão da Copa do Brasil restariam nulas. O vestiário do Beira-Rio, após a sexta partida sem vitória e a terceira derrota seguida, ao menos teve o mérito de se conectar com o mundo real.

O Inter parece disposto a calçar as sandálias da humildade e admitir seus erros em tempo de construir um jogo épico contra o Corinthians. E, pelo que se viu ontem, há muito para ser resolvido.

Com D'Alessandro, Taison e Bolívar em campo, o Inter passou de favorito a zebra na Recopa. Agora precisa ganhar por dois gols de diferença em Quito, no dia 9 de julho. O resultado, em si, nem foi o pior. Ganha-se e perde-se jogando bem ou mal. O problema, e posso apostar que o torcedor do Inter há de concordar comigo, foi o comportamento do time. Apático, desinteressado, sem vontade. Mole mesmo. 

Se for assim contra o Corinthians, estará tudo acabado antes de começar.

Alecsandro, por exemplo. É centroavante, mas não chutou a gol. Então ele correu atrás dos zagueiros, forçando-os a errar a saída de bola ou recorrer aos velhos chutões, certo? Errado. Há algo mais nocivo do que um comportamento assim? O seu reserva, Leandrão. Novamente ele entrou em campo, novamente pouco ou nada fez.

Sob todos os ângulos de análise, os equatorianos mostraram superioridade. Raça? Tiveram mais. Disciplina tática? Mais, muito mais. A LDU enfileirou uma linha de quatro zagueiros à frente do goleiro Dominguez e, adiante dela, postou outra com mais cinco jogadores, entre volantes e meias. Lá na frente, só o goleador do time, o argentino Claudio Bieler, que matou o jogo em um previsível contra-ataque. Um ferrolho armado pelo técnico uruguaio Jorge Fossati. Mas um ferrolho digno e honesto. 

A cada jogador da LDU driblado havia sempre outro e mais outro e assim por diante até algum equatoriano desarmar Taison, Andrezinho e D'Alessandro. Enquanto isso, o Inter cometia o pior dos erros nestes casos. O de tentar furar o bloqueio pelo meio, já que  Marcelo Cordeiro é um lateral-esquerdo regular. Ele erra passes sempre, em casa ou fora. Na direita, Bolívar, por característica, é homem de defesa. Não vai ao flanco.

A certa altura, o time desistiu. E contra o Corinthians, o Inter não poderá desistir nunca. Só o reconhecido e bravo apoio da torcida será insuficiente se a equipe não mostrar garra de campeã.

A mudança deve começar por aí. Do contrário, nem adianta pensar em questões técnicas e táticas. 

Leia os textos anteriores da coluna No Ataque.

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