| 21/06/2009 15h57min
O catarinense Teco Padaratz é inquieto por natureza. Gosta de atuar em diferentes áreas. É um cara multimídia. Após ter sido bicampeão mundial na divisão de acesso (WQS), Teco passou a organizar a etapa brasileira da divisão de elite, em Santa Catarina, em 2003.
Enfrentou dificuldades no início, mas, com o tempo, encontrou a fórmula e os parceiros certos para consolidar o evento. Neste ano, ele organizará a sétima edição da etapa, que reúne os melhores surfistas em atividade no mundo, na Praia da Vila, em Imbituba.
As mudanças
A Associação dos Surfistas Profissionais (ASP) decidiu trazer o evento para o inverno por ser uma época que se encaixa melhor no circuito. Os custos de viagens são menores para atletas, juízes e dirigentes. No Brasil, é a primeira vez que se faz uma mudança no calendário depois que a etapa veio para Santa Catarina.
— Eu gostaria que fosse mais perto do final do ano, mas, de fato,
nós temos os problemas das ondas. Venta muito naquela
época. Então, o ideal seria que fosse nos meses de abril ou maio, quando o tempo está sempre bom, tem onda e pouco vento. Mas não podemos atropelar as outras etapas. Vai estar frio e existe a chance de termos ondas grandes, com ou sem vento.
Os problemas
— Uma vez eu disse que tinha aprendido a antecipar os problemas. Eu errei. Continuo aprendendo a antecipar os problemas. E essa é a grande lição que a gente tira do evento o ano todo. Já apareceu um tornado (em 2007) na Praia da Vila, teve o apagão na Ilha de Santa Catarina (em 2003), enfim, a gente precisa estar pronto pra se defender de todos os lados. O evento é muito visado. As pessoas não fazem ideia do quanto é difícil vender o surfe com uma conta alta do jeito que é. O custo total chega a US$ 1,4 milhão (cerca de R$ 2,7 milhões). Só de premiação são US$ 370 mil (R$ 700 mil), o que eu, como surfista, acho ótimo. Só quando eu coloco o chapéu de empresário dói um pouco ter que ir atrás
dessa grana toda.
Equipe de trabalho
— Montamos um time que tem tudo para dar certo. Mudamos o patrocínio da cerveja – saiu a Nova Schin, entrou a Skol – e estamos renovando contrato com a Hang Loose, que entrou num momento superdelicado. Eles conseguiram achar a identificação da marca com o nosso evento. Tanto que, neste ano, vamos ter algumas novidades, como câmeras que vão filmar os eventos. Uma delas vai circular dentro da água, outra no show, outra no palco, outra no instrumento do guitarrista, quer dizer, vai ser um show.
Importância do surfe
— O surfe aquece a economia, o turismo, a educação, o combate às drogas. E muitas pessoas não enxergam isso. O Avelino (Bastos) saiu do evento muito por causa disso. Eu quase fui embora também por ter ficado chateado com algumas coisas. Eu via as pessoas aqui desesperadas com o boato de que a etapa iria para o Rio de Janeiro (em 2007). Muita gente me parava na rua e dizia: “Pô, tu
não vai deixar acontecer isso, Teco?”. E se isso caiu
na nossa mão é porque a gente tem talento pra resolver, arregaçar as mangas e ir atrás.
As atrações
— O evento deste ano está com açúcar. Uma mídia ótima, show do The Beautiful Girls e uma surpresa que eu vou fazer no palco com o John Bala Jones e o Armandinho, que vão tocar clássicos da surf music, Jimi Hendrix, entre outros. A RBS foi quem primeiro enxergou a onda da surf music, uma expressão que se usa há muito tempo e ninguém consegue localizar onde é que ela está. Muitos artistas fazem uso dela, é uma bagunça só. E, no fundo, a gente descobre que a surf music não é um gênero musical, mas é o som que uma tribo inteira escuta.
Nível da competição
— Pela própria disputa do título estar bem aberta e ter vários ídolos, acho que o evento tem tudo para ser de alto nível. O Mineirinho (Adriano de Souza) é o favorito entre os brasileiros porque conseguiu se identificar com o
tour. Muitos brasileiros, quando entram no tour, se sentem um a mais e
isso os derruba psicologicamente. A questão social é um dos grandes problemas de se sentir inferior aos adversários, o que não existe. Só porque ele não fala inglês ou não tem o melhor patrocínio não significa que é inferior.
"As pessoas não fazem ideia do quanto é difícil vender o surfe com uma conta alta do jeito que é", diz Teco Padaratz, organizador do ASP World Tour no Brasil
Foto:
Hermínio Nunes/Diário Catarinense
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