Entre tantos compromissos relativos às homenagens pelo 15º aniversário da perda do irmão, Viviane Senna encontrou um tempo para contar um pouco como estão as ações do Instituto Ayrton Senna, que, desde 1994, vem ajudando milhões de crianças pelo Brasil a conseguir estudo e amparo para se desenvolverem.

Feliz com os resultados do instituto, Viviane falou ainda sobre o legado deixado pelo tricampeão a jovens que nem sequer o viram em ação nas pistas da F-1, mas certamente o admiram.

Quinze anos depois do início das atividades, que balanço você tem do instituto?
Viviane: Desde a fundação do Instituto, em 1994, oferecemos educação de qualidade a 11,5 milhões de crianças e jovens em 1.372 municípios de 26 estados e Distrito Federal. Para isso, capacitamos 553.512 educadores. Esses são resultados gerais de um trabalho que melhorou a educação oferecida pelas redes de ensino de cidades inteiras e deu novos rumos à vida de milhares de alunos a cada ano. É claro que para realizar esse trabalho em grande escala não estamos sozinhos. Contamos com a parceria do poder público (governos estaduais e prefeituras) e privado (empresas socialmente responsáveis que abraçam a causa sa educação). É por meio desse tripé que nossas ações têm sido possíveis.

Quando surgiu a ideia de criar o instituto Ayrton Senna?
Viviane: O Instituto é a concretização do sonho de Ayrton. Como ele se incomodava com a questão da desigualdade social, tinha planos de estruturar alguma coisa que pudesse ajudar a mudar isso, especialmente na vida de crianças e jovens. Ele chegou a manifestar esse desejo meses antes do acidente. Minha família resolveu criar o Instituto em novembro de 1994, primeiro para realizar esse desejo e, segundo, como uma resposta carinhosa e grata ao amor do povo brasileiro ao meu irmão.

Quais novos projetos estão na pauta do instituto?
Viviane: Nossos projetos são de ampliar a nossa atuação por meio de novas parcerias com as redes municipais e estaduais de ensino para ajudá-las a qualificar a educação oferecida em suas escolas. Isto porque os desafios do Brasil são muito grandes, ainda há muito a fazer. A população de crianças e jovens sem oportunidades educativas de qualidade é imensa.

De onde saem os recursos para desenvolver esse trabalho? Como é possível ajudar o IAS?
Viviane: Uma parte dos recursos vem dos 100% dos royalties sobre uso de imagem do Ayrton e do Senninha, cedidos pela minha família ao Instituto. Hoje temos 240 produtos licenciados por essas duas marcas. Outra é gerada pelas alianças com cerca de 80 empresas socialmente responsáveis, que possibilitam a implementação dos programas em larga escala. Desde 2008, abrimos espaço para as doações de pessoas físicas porque muitos nos procuravam para abraçar a causa e não sabiam como fazê-lo. E porque ainda há muito por fazer pela educação do País. Agora, qualquer pessoa entra no nosso site (www.senna.org.br), cadastra-se e passa a ser um doador, um Fã de Carteirinha da Educação.

O brasileiro tem fama de ter memória curta. Hoje, 15 anos depois, as pessoas ainda têm vivas na memória lembranças dele?
Viviane: Percebo o quanto meu irmão influencia, até hoje, a vida de tantas pessoas aqui e no mundo. E sei que essa admiração vai além de sua competência nas pistas. Ayrton virou marca de determinação, de superação, de garra e de vitória. Esses seus valores são seu principal legado e que serve de combustível para todos nós, na conquista de nossas vitórias cotidianas.