| 04/04/2009 05h19min
Figueroa deu o Brasil
Logo no primeiro contato com o Inter, Figueroa percebeu que algo grandioso estava para acontecer. Foi numa tarde de 28 de novembro de 1971. Uma semana antes, o chileno havia sido contratado junto ao Peñarol, por US$ 350 mil. Assistiu a Inter e Atlético-MG das tribunas do estádio. Goleado por 4 a 1, dois gols do Rei Dadá, o time era eliminado do primeiro Brasileirão.
– Os 4 a 1 não me assustaram. Vi que o Inter contava com bons jogadores, só precisava de uma liderança. Fui capitão daquela equipe, um líder dentro e fora do vestiário, sem falsa modéstia – conta Figueroa, aos 62 anos, de seu apartamento em Viña del Mar. – Dino Sani começou a montar aquele timaço, enquanto Rubens Minelli concluiu a obra. O bi (1975 e 1976) começou com ele.
Três dias depois, Figueroa estreou. Na vitória de 3 a 0 sobre o Vasco, presenteou os colorados no Beira-Rio com uma bicicleta dentro da área. Trazido em
resposta à contratação do uruguaio Ancheta, pelo Grêmio,
que havia sido escolhido o melhor zagueiro da Copa do México, em 1970, tornou-se um ídolo eterno.
– Ah, beques. Há os simplesmente batedores, os antecipadores, os que sabem se colocar, alguns um tanto clássicos. Figueroa é tudo isso – costumava repetir Minelli.
O primeiro título nacional veio em 1975, com um gol de Figueroa sobre o Cruzeiro. O sol começava a se pôr, entrando pelas frestas das cadeiras do Beira-Rio e chegando ao campo, quando o capitão cabeceou na goleira do antigo placar eletrônico, vencendo Raul, com um raio de sol no rosto, para delírio de mais de 82 mil colorados. Dom Elias Figueroa deixou o Inter em 1977, após conquistar o bi do Brasileirão. Desde então é um embaixador do clube no Exterior.
– Sempre tive orgulho de ser colorado. Ver a vitória no Mundial foi uma das maiores alegrias da minha vida. Cada conquista tem um pouquinho de todos nós.
Em 1996, com a demissão de Nelsinho Baptista, virou técnico. Em 13
jogos, venceu sete e empatou três.
–
Tive 83,3% de aproveitamento, um dos maiores da história como técnico do Inter. Não fiquei por vaidade de dirigentes. Jamais brigaria com alguém do Inter. Por isso, fui embora – afirma Dom Elias, que hoje à noite estará na festa de aniversário do Inter.
Fernandão deu o mundo
O mais jovem dos Fs colorados nasceu para jogar no Inter. Talvez nenhum jogador no mundo tenha feito um gol de placa logo em sua estreia. Fernandão fez. Foi o milésimo gol em Gre-Nais, um cabeceio (na goleira do placar eletrônico, a mesma em que Figueroa se eternizou naquele 1975), em 10 de julho de 2004, sem chances para o goleiro paraguaio Tavarelli. Ganhou uma placa no vestiário do Inter e série especial de camisetas, com o número 1000 dourado às costas. Era o prenúncio de que a era de conquistas se iniciava. As taças da Libertadores e do Mundial de Clubes estavam a caminho.
Aos 27 anos, Fernandão passou de um bom jogador a herói de uma
nação. Promissor atacante do Goiás, cumpriu
trajetória discreta no futebol francês. Contratado pelo Olympique, de Marselha, só se destacou quando ficou seis meses no pequeno Toulouse e o salvou do descenso. Meses depois, ele desembarcou no Beira-Rio para escrever seu nome na história do Inter. Passou de um bom jogador a herói.
A contratação daquele que seria o capitão das maiores conquistas do Inter veio depois de reuniões secretas. O então presidente Fernando Carvalho negociou pessoalmente com ele, em sua fazenda no interior de Goiás. Queria repatriá-lo a qualquer custo. E o custo acabou sendo muito baixo se for levado em conta os benefícios que proporcionou. O Inter pagou R$ 300 mil e cedeu parte dos direitos em uma possível venda de duas promessas que não vingaram, o zagueiro João Guilherme e atacante Rodrigo Paulista.
Fernandão foi para a história. Sua imagem erguendo as taças da Libertadores e do Mundial elevou o Inter a um patamar jamais alcançado. Ele também liderou o grupo na Recopa Sul-Americana em
2007. A era do capitão
chegou ao fim em 14 de junho de 2008, quando anunciou a transferência para o Al-Gharafa, do Catar.
– Saí daquela forma talvez pela minha maneira de ser. Sei que fui importante para o Inter, mas nunca me senti importante. Sempre fui igual a todos. O futuro a Deus pertence, mas, de repente, aquele adeus tenha sido somente um até breve – diz, por e-mail, o capitão das taças.
Ele lamenta apenas não poder comparecer às festividades de hoje.
> Leia aqui o depoimento de Paulo Roberto Falcão
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