| 24/03/2009 03h55min
Colunista de Zero Hora, Luis Fernando Verissimo foi citado por Dunga ontem no Painel RBS como um dos seus inspiradores a executar bom trabalho na Seleção. Em meio a uma resposta sobre a importância que concede aos críticos, o técnico revelou que carrega uma responsabilidade extra a cada coluna em que é lembrado por Verissimo:
– Tem um cara que, quando fala a meu respeito em suas crônicas no centro do país, faz aumentar minha responsabilidade e o compromisso de não errar. É o Luis Fernando Verissimo. Não posso errar, ele está jogando todo seu prestígio em mim. Tenho que ficar cada vez mais concentrado no trabalho.
Torcedor do Inter, a exemplo do técnico, Verissimo manteve sua discrição peculiar. No início da noite de ontem, ao ser informado da referência feita durante o Painel RBS, disse se tratar de uma gentileza de Dunga. E aproveitou para reiterar sua
admiração pelo chefe das estrelas
da Seleção Brasileira:
– Sou um Dunguista histórico. Gosto do Dunga desde o tempo em que ele jogava no meio-campo do Inter. Acho que ele tipificava uma forma de compromisso com o jogo que hoje não existe mais. Era o chamado “estilo gaúcho”. Sempre gostei do caráter e do futebol dele, que não era exatamente bonito, mas eficiente.
Ronaldinho
“Quando não o convoquei, falaram que eu era louco. Agora, dizem que o defendo. Estamos apostando nele. Nós o levamos a Pequim para recuperá-lo fisicamente. Ainda não é aquele Ronaldinho que conhecemos, mas já deu grande passo. Voltou a ter gosto pelo drible, a jogar com raiva, no bom sentido. No Milan, está na meia, onde joga tudo o que sabe. Como atacante, é mais fácil de ser marcado. E, como meia, ao lado de Kaká, favorece Pato, que conta com mais espaço para jogar em diagonal.”
A volta de Ronaldo
“Ronaldo é um jogador que já se superou em
outros tempos. Mas o processo da volta não pode ser muito acelerado, porque há
sempre o risco de lesão muscular.”
A estrela Neymar
“Em futebol, tudo pode acontecer. Mas somos muito volúveis ao opiniar. Quantos jogos ele tem? Claro que Neymar é diferenciado pela idade, mas a figura muda em jogos internacionais. Dizem que o Pelé também tinha 17 anos quando surgiu. Mas Pelé é Pelé. Quantos como ele surgiram depois?”
Pressão na Era Dunga
“Nenhum ser humano vai sofrer a pressão que sofri em 1990. Tudo o que acontecia de errado no Brasil a culpa era do Dunga. Aí, pensei comigo: se todos os clubes da Itália queriam me comprar, não é possível que eu não preste no Brasil. Disse ao meu pai: só preciso de uma outra chance na Seleção.”
Técnico em casa
“Ser visto como treinador em Porto Alegre era algo que esperava havia muito tempo. Mas o torcedor não receberá só o Dunga, e sim toda a Seleção. O povo gaúcho cobra, mas sempre nos
apoiou. Eles (jogadores) estão loucos por jogar de novo no país. O torcedor não imagina a alegria que eles
sentem ao ver o estádio lotado de verde-amarelo.”
A vida como treinador
“O técnico depende de resultados. São 30 contra de um lado e 30 a favor de outro. Os que ficam no meio vão contigo, dependendo do resultado. Tem que ter postura e atitude. Estou lá para trabalhar pela Seleção, bato de frente com quem quer que seja. No início, achei que seria mais complicado. Mas os jogadores colaboram, têm vontade, chegam a viajar machucados.”
Adversários em 2010
“A Espanha vem tendo um bom rendimento constante. Tem que ver se vai chegar assim na Copa. Muita coisa pode mudar em um ano e meio.”
Quem é craque?
“No Brasil, quem joga bem duas partidas já é craque. Mas também vale o contrário, joga duas mal e já não presta. Craque é quem decidiu 10 partidas. Quem decidiu cinco é acima da média. Se decidiu uma, não é
craque.”
Seleção de 82 x Seleção de 94
“A geração de 1982 era excepcional, a Seleção era
fantástica. Só que cada um fazia muita força para um lado. Os jogadores foram vencedores nos clubes, não na Seleção. Em 1994, todos empurraram o carro para o mesmo lugar. Se essa geração havia vencido o Mundial juvenil de 1983, ganho a prata em Los Angeles/84, a Copa América após 50 anos, a Copa das Confederações e a primeira Copa América fora (1997, na Bolívia), não poderia ser ruim.”
Colorado histórico, Luis Fernando Verissimo é fã de Dunga desde o tempo em que o técnico jogava no Inter
Foto:
Antônio Pacheco
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