| 29/10/2008 23h45min
Era para ser o jogo épico, aquele que encaminharia o título brasileiro. Foi um desastre. Nervoso, apesar da vantagem na liderança, o Grêmio acabou goleado pelo Cruzeiro por 3 a 0, ontem, no Mineirão. Para completar a noite de horrores, o time do técnico Celso Roth viu o São Paulo se igualar em pontos (59) ao vencer o Botafogo fora de casa.
Pior ainda: para enfrentar o desesperado Figueirense, domingo, no Olímpico, o Grêmio ainda perdeu Willian Magrão e Rafael Carioca, ambos suspensos. O Cruzeiro preparou a atmosfera do Mineirão para uma final. Antes de o jogo começar, os dois enormes telões instalados atrás das goleiras do estádio motivavam ainda mais a já entusiasmada torcida local com os gols da conquista da Copa do Brasil de 1993, quando o Cruzeiro venceu o Grêmio por 2 a 1, e sagrou-se campeão.
A cada gol no telão, os mais de 35 mil mineiros comemoravam como se estivessem assistindo a um jogo ao vivo, sacudindo os milhares de bastões infláveis em
azul-e-branco distribuídos na entrada do
Mineirão. Era o início da pressão. E deu certo.
O Grêmio, que entrou de forma acanhada em campo, quase escondido, para saudar a sua torcida, atrás do banco de reservas, foi surpreendido com um gol a surreais 14 segundos. O Grêmio deu início ao jogo, um desligado Willian Magrão recebeu o passe, adiantou demais a bola, e foi desarmado por Guilherme. O atacante encontrou Wagner livre na área, que bateu sem chances para Victor.
Foram necessários mais três ataques perigosos do Cruzeiro e 20 minutos de jogo para que o Grêmio acordasse. Equilibrou o jogo, mas seguia sem concluir a gol. Aos 27, a nova lesão de Pereira obrigou a sua substituição. Roth mandou Perea a campo, trocando também o esquema tático, do 3-5-2 para o 4-4-2. O primeiro tempo acabou com um Grêmio sem força alguma.
— Havíamos trabalhado a jogada do gol. Tomar um gol assim arrebenta qualquer time — disse Souza.
— Time que está disputando o título não pode
tomar um gol na saída de bola. Mas viemos aqui para
ganhar o jogo — completou um irritado Roth.
No segundo tempo, com Paulo Sérgio no lugar de Douglas Costa, e Souza na meia, o Grêmio ensaiou a reação. Foi para cima e, através de Perea, construiu dois bons lances de ataque. Mas o Grêmio esqueceu que também precisava marcar. Aos nove, Jonathan recebeu às costas de Paulo Sérgio, sozinho, e só deslocou Victor: 2 a 0.
O gol abateu de vez o Grêmio. Roth deixou a área técnica e recostou-se no parapeito do banco de reservas. A torcida do Cruzeiro enlouqueceu. Aos 21, a derrota se transformou em goleada. Já desgastado pelo esforço de correr atrás do Cruzeiro o tempo todo, a zaga falhou. De novo. Guilherme, sem marcação, recebeu na pequena área. Girou e fez 3 a 0. Vieram os gritos de “olé!” e “adeus, Grêmio”.
Apesar da noite de horrores, o tricolor segue na liderança, mas agora acossado por, São Paulo, Cruzeiro e Palmeiras.
O pior e o melhor
1º TEMPO
O destaque – Wagner. Além de marcar o gol-relâmpago e constranger o apoio de Mattioni, fez o que quis pelo lado esquerdo de ataque do Cruzeiro, assessorado por Jadílson. Um terror também pelo meio.
O lance – O Grêmio deu a saída e a bola foi recuada para Willian Magrão, que dominou mal. Em quatro toques, Wagner recebia na área para fazer 1 a 0 Cruzeiro, a 14 segundos de jogo.
A decepção – Tcheco. Como capitão experiente, era ele quem deveria acalmar os ânimos e valorizar a posse de bola na pressão do Cruzeiro. Não o fez.
O salvador – Victor. Aos 4min,
operou milagre em chute de Wagner. Aos 12, espalmou cabeceio de dentro da área. Não fosse ele, o Cruzeiro teria liquidado tudo antes do
intervalo.
O apagão – Logo no começo, o Grêmio viveu minutos de pânico. Os jogadores de meio-campo não trocavam dois passes sequer e os zagueiros pareciam perdidos. Depois do gol, a pressão do Cruzeiro diminuiu, mas o sufoco durou até o intervalo.
2º TEMPO
A mudança – Paulo Sérgio entrou na latera-esquerda, saindo Douglas Costa. Souza foi para o meio. Com Perea já no lugar de Pereira, o Grêmio melhorou no 4-4-2.
O destaque – Do naufrágio, salvou-se o garoto Felipe Mattioni. Com personalidade, foi um dos poucos com lucidez no Grêmio.
O lance – Jonathan recebeu livre às costas de Paulo Sérgio. Nenhum zagueiro ou volante deu cobertura, e o jogador do Cruzeiro viu-se na obrigação de fazer 2 a 0, a 10 minutos.
A decepção – Rafael Carioca. Repetiu o primeiro tempo
e demorou a encontrar Wagner, a quem devia marcar.
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