| 29/09/2008 03h36min
Quando acordaram na manhã de ontem no hotel Millenium, concentração do Inter, os jogadores encontraram cópias de reportagens em que o presidente Paulo Odone declarava que o Grêmio passaria a máquina sobre o adversário no Gre-Nal. Depois da goleada por 4 a 1, o zagueiro Índio foi o primeiro a desabafar.
— A gente respondeu em campo. Falaram muita coisa durante a semana. Esqueceram de dizer que a máquina veio amarela e lenta — declarou Índio, enquanto comemorava a vitória no gramado.
O presidente Vitorio Piffero confirmou o episódio das cópias. A goleada no Gre-Nal, porém, começou a ser construída na quarta-feira, em Santiago. À tarde, após o desembarque na capital chilena, os reservas que atuariam contra o Universidad Católica já pensavam na partida. Os titulares focavam o Gre-Nal. Na palestra do motivador Evandro Mota, o mito colorado Elias Figueroa foi o tema. A ordem era conhecer a história do Chile, a de Figueroa e, por conseqüência, a do
Inter.
A mobilização deu certo. Após
o empate no San Carlos Apoquindo, o vestiário ficou silencioso — apesar do ótimo resultado contra os chilenos: estavam todos pensando no clássico.
Inter venceu os líderes Palmeiras e Grêmio por 4 a 1
— Poucas vezes vi um grupo tão focado para um jogo. Este resultado foi a aposta de um planejamento que deu certo – disse o auxiliar técnico do Inter, Cléber Xavier, que logo após chorava ao telefone conversando com o filho Pedro Lucas, 14 anos.
Ontem, no vestiário do Beira-Rio, os jogadores se abraçaram, cantaram as músicas da Popular e festejaram como um título aquela que foi a grande vitória do clube no Brasileirão até aqui.
O Inter foi calculista. Se para os jogadores foram distribuídas cópias das declarações de Paulo Odone, os dirigentes trataram de alertar a arbitragem sobre as bolas paradas do Grêmio.
Até mesmo Giovanni Luigi, mais comedido, entrou no jogo. Na sexta-feira, disse
que o Grêmio era um time de “cai-cai”, e que o árbitro precisaria ficar
de olho.
— Combinamos (a direção) de falar sobre essas muitas faltas marcadas para o Grêmio em jogos anteriores. Era necessário alertar imprensa, torcida e arbitragem, sobre essa arma do Grêmio — afirmou Luigi.
Curiosamente, Inter venceu por 4 a 1 os dois líderes, Palmeiras e Grêmio. Em 1º de setembro, o Grêmio estava a 18 pontos a frente do Inter. Agora, a vantagem baixou para oito.
A promessa
No dia 3 de setembro, com o Inter em crise, e o técnico Tite pressionado por um bom resultado, o assessor de futebol Fernando Carvalho fez uma promessa:
— Em um mês, tudo estará diferente. Em termos de desempenho e resultados.
De lá para cá, foram quatro vitórias seguidas no Brasileirão.
Calma
Apesar de estar a quatro pontos da zona de classificação à Libertadores e a oito dos líderes do
Brasileirão, Tite pediu cautela. Classificou o resultado de ontem como extraordinário, porém, lembrou que goleadas como essa são
atípicas em clássico. Para o técnico, o time ainda está se ajustando.
— Talvez diminua um pouquinho a pressão, mas ela continuará porque ainda estamos atrás do Grêmio e a atual colocação não corresponde às ambições do Inter — analisou.
Chocolate
Se nos ambientes de entrevistas o tom era de cordialidade, entre os dirigentes e torcedores colorados, havia festa e provocações. Um torcedor surgiu com um estandarte do chocolate do Inter, de uma famosa fábrica de Gramado. Aos gritos, ele dizia:
— Chocolates Galácticos do Inter, uma paixão nacional.
Retomada
Para Tite, o principal motivo para a seqüência de quatro vitórias no Brasileirão foi o tempo que a equipe teve para trabalhar. Com exceção da semana passada, quando o time teve de enfrentar o Universidad Católica pela Copa Sul-Americana na quinta-feira, durante todo o mês
de setembro o grupo teve as semanas cheias para treinar.
— A relação de confiança entre técnico e
atleta se dá com o tempo — disse.
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