| 11/08/2008 22h06min
A esposa de João Derly telefonou para a mãe do bicampeão mundial de judô na noite desta segunda-feira, bastante preocupada. Contou para Vera Derly que o português Pedro Dias, algoz do brasileiro nas Olimpíadas de Pequim, havia chamado o adversário de “traidor” em entrevista à imprensa portuguesa.
– Uma vez, em São Paulo, fui às compras com a mãe dele e, mais tarde, soube que, enquanto isso, ele estava com a minha namorada. Fui traído – reclamou Dias, que perdeu as duas lutas seguintes após a vitória sobre Derly e acabou igualmente sem uma medalha olímpica.
Cerca de 20 minutos depois de tranqüilizar a nora, a mãe do judoca brasileiro repetiu o que havia dito para ela: jamais saiu com Pedro Dias.
– Conheço apenas de vista essa pessoa. Antes do Pan-Americano de 2003, eles treinaram juntos em São Paulo. Fiquei no mesmo quarto do João – disse Vera Derly.
Na lembrança de Vera, os judocas concentrados em São Paulo eram quatro homens e cinco mulheres.
– Fiz amizade com todos, que via nos treinos, mas jamais saí com ninguém. Não sairia com um desconhecido. Nem o João me deixava sair sozinha – contestou, indignada.
– Essa história é muito estranha. Fui pega de surpresa. Não era do meu conhecimento que o João tinha alguma namorada ali. Se fosse o caso, eu teria visto. Não sei de nada disso – acrescentou a mãe do bicampeão mundial, que não tomou conhecimento da polêmica. Ainda em Pequim, ele conversa com os parentes diariamente.
Pedro Dias também atacou a postura de seu concorrente.
– O Derly gosta de passar a imagem de atleta de Cristo, mas, depois... – criticou.
Essa acusação irritou ainda mais a mãe do brasileiro.
– Como alguém sai falando coisas como essas? O João é um exemplo para o esporte brasileiro, um bicampeão mundial, reconhecido e bem tratado em todo lugar.
Prova da imagem de bom-moço do brasileiro é a maneira como ele conduziu o relacionamento com a jovem estudante de fonoaudiologia Gabriela Pisoni Canedo, com quem se casou em 22 de dezembro do ano passado. Eles se conheceram nos tatames da Sogipa, há muito tempo.
– Tenho três filhos. Mesmo com o João, que teve propostas para treinar fora do Rio Grande do Sul, adotamos uma postura tradicional, cristã, de que o filho só sai de casa depois de casar. A mulher dele também é assim, de boa família. Ela se guardou para ele. Tanto que os amigos brincavam: ‘tu não tens intimidades com tua namorada?’. Diziam que era babaquice, como os jovens falam – argumenta Vera.
Em Porto Alegre, a família de João Derly se une à mãe do judoca para apoiá-lo. Assistiu junta às lutas do brasileiro nas Olimpíadas de Pequim, na madrugada de domingo, e ficou indignada com as decisões da arbitragem favoráveis a Pedro Dias. Ainda assim, recebeu diversos telefonemas de fãs. Um garoto ligou para contar que chorou, a exemplo do bicampeão, quando o ouviu dizer que queria dar alegria ao “sofrido povo do Brasil”.
– Ele continua sendo o nosso bicampeão mundial, um ídolo de todos. Perder faz parte do jogo. Revolta ver que alguns consideram que essa foi a maior decepção do Brasil. O João superou uma série de lesões e se esforçou muito, só conseguindo patrocínio depois de 2005, para representar o país. Acontecerão outras Olimpíadas daqui a quatro anos, e vamos ver se ele vai querer tentar de novo. Acredito que sim, porque o judô é a paixão da vida dele – apoiou Vera Derly. A mãe está ansiosa para incentivar o filho no retorno ao Brasil, quarta-feira. E pronta para defendê-lo das polêmicas criadas em Pequim.
GAZETA PRESS
Pedro Dias, algoz do brasileiro nas Olimpíadas de Pequim, chamou o adversário de traidor em entrevista à imprensa portuguesa
Foto:
Alaor Filho, Divulgação
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