| 18/06/2008 08h03min
Há quatro meses, o técnico Celso Roth entrou no vestiário do Grêmio incumbido de apagar os vestígios do estilo considerado excessivamente cordato de Vagner Mancini, seu antecessor. Nesses 120 dias, apesar de turbulências como as eliminações no Gauchão e Copa do Brasil, o técnico obteve 77% de aproveitamento. Um número "razoável", conforme sua avaliação. Mas ainda insuficiente para que ele se julgue livre de pressões.
– Acho que o saldo, até agora, é positivo. Tomara que eu consiga manter no Brasileiro. Já pensou? Aí, estaremos em condições de brigar solidamente por nosso objetivo, que é o título. Será a única forma de saldarmos nosso débito com a torcida – analisa.
Um eletrocardiograma seria uma imagem adequada para analisar a trajetória de Roth nesses meses, tantas foram as variações de desempenho da equipe. Entre 21 de fevereiro e 29 de março, com um time de operários, como definiu Roger, o Grêmio ganhou nove dos 10 jogos que disputou. Nesse período,
seu pior resultado foi um
empate com o Caxias.
Abril, no entanto, revelou-se um mês crítico. No espaço de uma semana, o time caiu no Gauchão e na Copa do Brasil e quase perdeu o rumo. Paulo Pelaipe demitiu-se do departamento de futebol, e Roth por pouco não foi demitido.
– Seria muito mais fácil tirar o treinador. Iria ao encontro da torcida, mas contra minha convicção e os interesses do Grêmio – explicou André Krieger, no dia em que assumiu o futebol.
Atuações insatisfatórias em jogos-treino contra Ivoti, Ypiranga e Avaí, definidos por Roth como "um momento de humilhação", firmaram entre os torcedores a convicção de que o mês de preparação para o Brasileiro havia sido perdido. O mesmo Krieger que havia mantido Roth alimentou rumores sobre a saída do técnico ao revelar-se surpreso com a pequena evolução do time nos amistosos.
Maio, no entanto, chegou como uma redenção. Quatro vitórias em seis jogos do Brasileirão colocaram o Grêmio na ponta da
tabela e reabilitaram o prestígio do técnico.
Escaldado, Roth evita se empolgar. Ontem, ele próprio lembrou que costuma ser visto como um treinador que arranca bem e perde o fôlego.
– A responsabilidade dobra a cada conquista que se tem. Temos que ter muito cuidado a partir de agora. Bons resultados criam uma expectativa positiva e o torcedor passa a vivê-la. Nossa obrigação é manter o nível de apresentações – enfatiza.
Celso Roth (E) acredita que só terá crédito com a torcida quando conquistar um título
Foto:
Fernando Gomes
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