| 29/05/2008 04h56min
O guri pobre que tabelava com as paredes no bairro Rubem Berta subiu na vida. Subiu, não. Decolou. O atacante convertido em volante Anderson, 20 anos, hoje é dono de imóveis em Portugal e na Inglaterra. Nesta última, está pendurada a medalha da glamourosa Liga dos Campeões da Europa.
O círculo de relacionamentos do meia-atacante também mudou muito. Se antes a convivência era com amigos das categorias de base do Grêmio, como os laterais-esquerdos Anderson Pico e Itaqui, atualmente no Náutico, hoje o parceiro é Cristiano Ronaldo, 23. Anderson passa a maior parte do tempo em Manchester com o atacante português, principal candidato a melhor do ano pela Fifa e apontado como um dos jogadores mais bonitos do mundo pelas mulheres.
— É meu amigão. Estou com ele 24 horas. Só não dormimos juntos — sorri o jogador, em visita ao Olímpico.
Cristiano Ronaldo foi quem mais auxiliou Anderson nos primeiros meses no Manchester United. Aos 19 anos, o ex-gremista recém
havia saído de uma temporada
exitosa no Porto, de Portugal, no ano passado. Ajudou também a presença do auxiliar técnico Carlos Queiróz, também português. Queiroz e Cristiano Ronaldo trataram de enturmar Anderson no clube inglês e adaptá-lo à postura quase protocolar dos ingleses no vestiário.
A parceria dos dois ganhou até espaços nos tablóides sensacionalistas ingleses. Em setembro passado, após uma vitória sobre o Tottenham, os dois viraram notícia no diário The Sun devido a uma festa com cinco prostitutas na casa de Cristiano. Anderson mereceu elogios e foi classificado como "carinhoso". Mas não gosta de falar sobre o assunto. O receio de ter os passos vigiados por paparazzi não impede que ele aproveite a vida em Manchester sempre que surge uma folga.
— Sempre há um fotógrafo por perto, mas o jogador tem direito de viver sua vida — afirma.
Suas entrevistas revelam amadurecimento. Se na passagem pelo time principal do Grêmio a fala era quase inaudível, hoje as respostas são
mais longas e com maior conteúdo.
Até mesmo perguntas sobre o relacionamento com a mãe, Doralice, que o incomodavam, são respondidas sem preocupação. A transferência para Portugal ajudou a reaproximá-los. Para contratá-lo o Porto burlou a legislação. Arrumou emprego para a mãe e levou-a para morar com ele na Europa.
— Me dou muito bem com ela. Minha mãe preferiu voltar (para Porto Alegre), por causa do frio — conta.
O encantamento com o Manchester é indesmentível. Anderson derrama-se em elogios ao clube e ao futebol inglês. Sorri ao dizer que o público nos jogos em casa nunca é inferior a 75 mil pessoas, "uma coisa de louco". A adaptação ao país ocorreu mesmo que ele desconheça por completo o idioma inglês. Se não aprendeu a nova língua, mudou a forma de falar a antiga. O sotaque português é tão acentuado que é como se o guri tivesse virado um gajo.
— Falo tudo misturado. É porque vivi dois anos em Portugal. Sempre que posso, vou para lá — explica.
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