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 | 22/12/2007 18h04min

Yuri, o novo Anderson do Olímpico

Nova promessa de craque tem média de 2,3 gols por partida

Leandro Behs  |  leandro.behs@zerohora.com.br

Depois do furacão Anderson, uma nova promessa de craque surge no Olímpico: Yuri. Aos 12 anos, o meia-atacante, apelidado de Mamute devido à fortaleza física, cumpre trajetória parecida com a do jogador do Manchester United. Assim como Anderson, ele veio do bairro Rubem Berta, teve a família acolhida pelo Grêmio para evitar o assédio de outros clubes e, ainda imberbe, já tem empresário.

A simples pronúncia do nome Yuri Almeida no Olímpico gera um misto de alegria e apreensão. Quem viu o guri em ação garante: ele é melhor do que Anderson. Daí o medo do Grêmio em perder a sua preciosidade. Ainda restam quatro anos para que o garoto possa assinar contrato profissional. Por enquanto, tem apenas ficha de amador — o que assegura uma indenização irrisória, caso o menino seja "roubado".

Há uma semana, Yuri levou o Grêmio ao título estadual da categoria. Em 14 jogos, marcou 33 gols (média de 2,3 por partida). Fez também os gols dos Gre-Nais finais, ambos vencidos pelo Grêmio por 1 a 0.

— Ele é diferente dos demais. Muito diferente. Tem potencial para ser melhor do que o Anderson — comentou com certa reserva o técnico da equipe sub-12 do Grêmio, Luiz Gabardo.

Yuri foi descoberto há dois anos, no então embrionário projeto Social Futebol Clube, da Secretaria Municipal de Esportes (SME). Começava a treinar no grupo comandado por Jurandir (ex-volante do Grêmio) e Osmar Lima (ex-jogador do Caxias). O potencial do meia foi visto nos primeiros jogos. Encaminhado para o Olímpico, passou no segundo treino.

Já com a camisa do Grêmio, Yuri despertou a cobiça do RS Futebol. Foi levado para treinar na Morada dos Quero-queros. Coube ao diretor executivo de futebol, Rodrigo Caetano, resgatá-lo. O episódio motivou o Grêmio a blindar o futuro craque.

O clube passou a pagar um salário de R$ 550 ao menino. Além disso, corrigiu a alimentação do garoto, alugou um apartamento perto do Olímpico para os Almeida na Cidade Baixa, empregou a mãe de Yuri, dona Valdirene, no clube e colocou os outros três irmãos (Robson, Robert e Natan) a jogar nas categorias de base.

— Minha mãe está feliz aqui. Quero ser profissional. Quero ser como o Cristiano Ronaldo — disse Yuri.

— Somos gratos ao Grêmio. Trabalho como servente no Olímpico e, agora, posso ficar o dia todo perto dos meninos contou Valdirene, que criou os quatro filhos sozinha.

Muitas vezes, é possível medir a qualidade de um jogador observando a reação dos adultos. E Yuri é um tema que causa mal-estar entre Jurandir e Osmar. O ex-volante do Grêmio ficou magoado quando Osmar apresentou Yuri a seu sócio, Guaraci Freitas, e ambos passaram a representar o jovem meia gremista.

— Não quero falar sobre o que aconteceu. Ele já é um jogador completo — afirmou Jurandir.

— Eu descobri o Yuri e levei-o para o Grêmio. É um menino promissor, que precisava de ajuda — desconversou Osmar.

Jefferson Botega / 

Meia tem 12 anos e ganhos mensais de R$ 550
Foto:  Jefferson Botega


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