| 04/12/2007 15h16min
O médico Eduardo de Rose, presidente da Comissão Médica da Odepa e responsável pelo antidoping durante os Jogos Pan-Americanos do Rio, negou que estivesse orquestrando uma perseguição contra a nadadora Rebeca Gusmão. Na noite de segunda-feira, a ex-diretora do departamento médico da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA), Renata Castro, afirmou em depoimento à polícia que De Rose buscava intencionalmente encontrar culpa na atleta.
Rebeca está sendo investigada pelo delegado Marcio Cipriano, responsável pela Delegacia de Repressão aos Crimes contra a Saúde Pública (DRCCSP). A atleta é acusada de fraudar o antidoping após o exame de duas das quatro amostras coletadas da nadadora apresentarem DNAs diferentes. O teste de DNA foi feito a pedido do médico.
– Absolutamente não tenho problema nenhum com a Rebeca. Eu não a conheço, não sou amigo nem inimigo – defende-se o especialista, negando também já ter classificado como questão de honra pegar a atleta em antidoping.
– Nunca disse isso. O que pode ter suscitado esta idéia é o fato de hoje o doping ser inteligente. Antes, a escolha (do atleta testado) era por sorteio, hoje é mais específica e ela já tinha um caso sendo investigado pela Fina – explicou.
A exclusão do ex-jogador argentino Diego Maradona por doping durante a Copa do Mundo de 94 foi lembrada pelo médico como exemplo das diretrizes adotadas.
– Vai dizer que ele foi testado por perseguição? Foi por causa da Itália (pego no antidoping em 1991). É uma questão tática (a escolha) – salientou.
Rebeca foi pega em um exame realizado dia 13 de julho a pedido da Federação Internacional de Natação (Fina). A amostra apresentou níveis elevados de testosterona que, segundo o laboratório encarregado do teste, tinha origem externa e não poderia ter sido produzida pelo organismo da atleta.
Durante seu depoimento, Renata ainda apontou supostas irregularidades nos procedimentos do médico, que teria identificado nominalmente a amostra da atleta enviada para exame de DNA, além de ter feito uso de laboratório não credenciado pela Agência Mundial Antidoping (WADA) para o exame. De Rose garante que não houve irregularidades.
– São todos fatos que posso explicar. Se for chamado novamente, explico e mostro o que aconteceu – disse, afirmando não ter recebido ainda uma nova intimação. O médico estranha o comportamento da diretora.
– Não sei honestamente como responder. Em princípio, nada do que foi dito procede. Mas se ela tem dúvidas sobre minhas atitudes, o lugar de fazer estes comentários é o Conselho de Ética de Medicina, não a polícia. A polícia não está investigando se houve ou não doping. Talvez ela tenha a intenção de desmistificar a fraude pelo erro, mas isto não é possível – comentou.
Para De Rose, a médica acabou não tocando no ponto realmente importante.
– Ela não falou do DNA, que era a única coisa relevante. A questão que a Rebeca tem de levantar é se há invalidez caso o doping seja julgado positivo na Odepa. Aí, eles devem levar as provas lá, que é o foro apropriado – esclareceu.
Quanto às denúncias pessoais de Renata, o médico diz que irá aguardar os desdobramentos para ver o que fará.
– Não tenho intenção de repercutir isso. Tomo a liberdade de considerar um pouco mais o caso, antes de decidir se tenho de tomar uma atitude – salientou.
Um processo na Justiça seria uma opção? De Rose evita especulações.
– Não me interessa debater nada disso publicamente. Conheço o código de ética da minha profissão. Se for levantar qualquer questão será no Conselho Regional – finalizou.
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