| 15/08/2006 15h29min
O Inter foi quase perfeito contra o São Paulo dentro do Morumbi. No pensamento de quem já viveu uma final de Libertadores, a equipe Colorada tem 80% de chance de conquistar o título inédito diante do Tricolor, esta quarta no Beira-Rio. Para o ex-volante Batista, o time gaúcho é o favorito, apesar da tensão que envolve a decisão do título:
– Após a vitória no Morumbi a vantagem se tornou grande e o fato de jogar a última partida em casa, com o apoio da torcida, torna o Inter o grande favorito. Não tem nada ganho até agora, mas poderíamos colocar 80% para o Inter contra 20% do São Paulo – destacou o ex-jogador, em entrevista online ao clicRBS nesta terça.
Batista salientou a marcação no meio-campo e o 4-4-2 como pontos fortes da equipe de Abel Braga, que conseguiu anular o Tricolor na primeira partida. Sobre o time de Muricy Ramalho, ele o considera um tanto defensivo:
– Um zagueiro a mais tira a possibilidade de uma retomada de bola mais ofensiva, por isso é muito importante para o Inter a marcação dos dois atacantes do São Paulo para não haver surpresas de uma jogada individual. O 3-5-2 não deve ser mudado mesmo no Beira-Rio, apesar de o São Paulo precisar vencer – alertou.
Ao comparar a equipe de hoje com a da final de 1980, Batista salientou que naquela época os jogadores possuíam uma identificação maior com a torcida, pois permaneciam mais tempo no clube:
– Hoje em dia, a passagem dos jogadores pelo clube é muito rápida. Após a Libertadores, alguns jogadores importantes serão negociados com o Exterior. Em 80, a valorização de uma copa como esta servia de valorização para uma permanência no clube – declarou.
A seguir, leia a íntegra da entrevista:
Pergunta – Boa tarde, Batista. Há como comprar o time do Inter da final de 1980 com o atual? O futebol hoje é muito diferente do daquela época?
Batista – A comparação que pode acontecer é o time daquela época ter
chegado, como esse de agora, à final da Libertadores. Só que naquela
época nós tínhamos jogadores que ficavam mais tempo no clube, existia uma identificação muito grande com a torcida. Hoje em dia, a passagem dos jogadores pelo clube é muito rápida. Após a Libertadores, alguns jogadores importantes serão negociados com o Exterior. Em 80, a valorização de uma copa como esta servia de valorização para uma permanência no clube.
Pergunta – Qual era a principal característica do Inter naquela época?
Batista – Nós tínhamos jogadores muito bons tecnicamente e o toque de bola, a troca de passes era uma marca daquele time.
Pergunta – O que mais marcou naquela final?
Batista – O que ficou marcado foi a nossa derrota, a eliminação foi muito deprimente para os jogadores e para a torcida. Até hoje, se fala que poderíamos ter tido um melhor desempenho no jogo do Beira-Rio, mas tudo que poderia ser feito foi tentado, a eliminação até hoje é lamentada porque nosso time jogou
muito melhor, principalmente no jogo no Uruguai.
Pergunta – Você considera o Inter favorito no jogo de amanhã? Tem um palpite para a decisão?
Batista – Favorito sem dúvida, após a vitória no Morumbi a vantagem se tornou grande e o fato de jogar a última partida em casa, com o apoio da torcida, torna o Inter o grande favorito. Não tem nada ganho até agora, mas poderíamos colocar 80% para o Inter contra 20% do São Paulo.
Pergunta – O emocional será um adversário tão difícil quanto o São Paulo então?
Batista – É, em um jogo decisivo é preciso controlar o nervosismo. À medida que o jogo final se aproxima, a pressão é maior e é muito importante ter um desempenho tão bom quanto o jogo de São Paulo. É aquela atuação que serve de parâmetro para se estabelecer o favoritismo do Internacional.
Pergunta – Quais os pontos fortes do time de Abel? E quais os fracos?
Batista – O ponto forte é a forte marcação no
meio-campo e, para mim, o esquema tático é a principal arma do Inter, o 4-4-2 contra
o 3-5-2. Em São Paulo não teve ponto fraco, o Inter conseguiu controlar qualquer jogada que o São Paulo tivesse treinado. Para mim, foi quase perfeito.
Pergunta – Como você acha que será a postura do São Paulo?
Batista – O esquema 3-5-2 que o Muricy adota torna o time, ao meu ver, defensivo. Um zagueiro a mais tira a possibilidade de uma retomada de bola mais ofensiva, por isso é muito importante para o Inter a marcação dos dois atacantes do São Paulo para não haver surpresas de uma jogada individual. O 3-5-2 não deve ser mudado mesmo no Beira-Rio, apesar de o São Paulo precisar vencer.
Pergunta – Se o Inter conquistar o título amanhã, como você acha que se sentirá, como colorado e ex-jogador, que chegou tão perto de um título de Libertadores?
Batista – Hoje sou comentarista, portanto, mais um dos “em cima do muro”, mas como por oito anos joguei profissionalmente no Internacional é claro que
ficarei contente com a vitória do Inter, principalmente,
porque minha filha, Bruna, espera muito por esta conquista.
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