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 | 25/04/2006 10h47min

Para Zico, sistema do Mundial beneficia grandes seleções

Técnico do Japão quer trabalhar na Europa depois da Copa

Técnico da seleção japonesa, adversária do Brasil na primeira fase da Copa do Mundo 2006, Zico declarou nesta terça que o sistema de elaboração da tabela do torneio favorece os grandes times. Em entrevista à Agência EFE, o Galinho, de 53 anos, também falou de seus planos para depois do Mundial. Ele afirmou que quer trabalhar na Europa, embora ainda não tenha recebido de ofertas.

Zico foi muito crítico em relação à elaboração da tabela da Copa:

– Não se pode fazer uma Copa do Mundo em que Brasil e Alemanha não possam se cruzar até a final. Não se entende como uma seleção como a Argentina, que foi eliminada na última Copa na primeira fase, seja cabeça-de-chave na Alemanha. É porque ganhou um Mundial há vinte anos? Por que isso é feito com as pessoas, com os torcedores? Eu não entendo – afirmou.

O ex-jogador da Seleção salientou que os interesses financeiros acabam falando mais alto:

– Parece mais importante que as seleções grandes estejam na frente, em detrimento de equipes sem tradição, como Japão, Senegal e Tunísia. Isto é injusto, não é futebol. Eu sempre critiquei essas coisas – disse o ex-craque do Flamengo.

Zico também disparou contra a arbitragem. Na opinião dele, sua equipe tem sofrido em competições, como na última Copa das Confederações. Naquele torneio, o Japão foi prejudicado pelo juiz na partida contra o Brasil, que terminou empatada, levando à eliminação da equipe asiática e à classificação do time de Carlos Alberto Parreira, que acabaria ganhando o torneio.

O treinador admitiu que sonha em erguer a taça de campeão do mundo, o que não conseguiu nem como jogador, apesar de participar de seleções brasileiras brilhantes, principalmente a da Copa de 1982, nem como assistente do então técnico Mário Jorge Lobo Zagallo, em 1998, quando o time perdeu por 3 a 0 na final para a França. Mas, pensando de modo realista, no comando do Japão seu sonho é acabar a Copa entre os quatro melhores:

– Temos que encarar o Mundial com essa mentalidade. Sei que minha equipe pode ganhar os três jogos, como pode perder os três. No futebol não há muitas diferenças, são os detalhes que ganham uma partida – opinou.

O Japão pega o Brasil na última rodada da primeira fase, dia 22 de junho às 21h (16h de Brasília), na cidade de Dortmund. O Galinho de Quintino acha que os japoneses, assim como os croatas e os australianos, têm 33% de chances de passar para as oitavas-de-final. O Brasil, segundo ele, é o favorito a ficar com o título, pois conta com cinco ou seis jogadores decisivos.

Zico considera cumprida sua missão no Japão. Ele chegou depois da Copa do Mundo de 2002 para substituir o francês Philippe Troussier com o objetivo de classificar a equipe para a Alemanha. Não apenas conseguiu, como, de quebra, foi campeão da Ásia.

– O Japão precisa agora de fazer coisas boas fora do continente asiático, porque na Ásia já ganhou tudo. No exterior, a equipe sofre bastante com a falta de tradição de seu futebol – analisou.

Uma vez encerrada sua missão, Zico já antecipou que quer trocar o país, na próxima temporada, pelo futebol do Velho Continente, que já conhece por sua bem-sucedida passagem pela Udinese, da Itália, entre 1984 e 1987.

– Eu gostaria ter uma oportunidade na Europa. Ainda não tenho equipe nem falei com ninguém. Seja como for, agora eu só penso na Copa – disse.

Zico descarta a possibilidade de voltar ao Brasil, onde, segundo ele, não há muito respeito pela figura do treinador:

– Você pode ser campeão em uma equipe, mas depois perde dois jogos e está fora – finalizou.

AGÊNCIA EFE
 

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