Geral | 25/07/2013 22h35min
A missa começara havia apenas 15 minutos e uma multidão já se espremia para ir embora - Copacabana estava superlotada, ninguém mais conseguia chegar perto do Papa - até que um empurra-empurra começou na Avenida Atlântica.
Quando uma menina caiu no chão e sua mãe pediu, por favor, que cessassem os encontrões, cerca de 10 paraguaios pararam no meio da rua, se abraçaram por cima dos ombros e iniciaram uma Ave Maria. O tumulto foi se aquietando - e os paraguaios foram aplaudidos.
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Episódios como esse só parecem plausíveis durante a Jornada Mundial da Juventude, que reuniu ontem no Rio de Janeiro milhares de católicos sedentos por ver o Papa. Poucos conseguiram. A maioria se espremeu durante horas, na praia ou no asfalto, sem nenhuma chance de aproximação.
- Mas só o calor do público já nos faz sentir perto de Deus - garantiu a mexicana Liliana Doneji, 31 anos, confirmando o espantoso otimismo que se derrama entre os peregrinos.
Liliana passou das 14h às 19h com um banco de plástico sobre a cabeça - a ideia era sentar-se quando fosse possível, mas não havia um único naco de areia vazio. Passou o tempo todo carregando a tralha sobre a testa, enquanto um grupo da Indonésia descansava em cima de um caminhão de bombeiros. Fredyka Salim, de 23 anos, um dos indonésios, reconhecia estar assustado: em seu país, as pessoas são calmas, quietas, organizadas, não apreciam agitações tão intensas - e apenas 3% da população é católica.
- Nunca vimos nada parecido. Em nosso país, não conseguimos nem construir igrejas porque o povo é resistente. Aqui, são tantos como nós que precisamos nos dividir em grupos pequenos, que é para ninguém se perder sozinho - dizia outra indonésia, Dea Hartika, 22 anos, revelando a disciplinada estratégia do grupo.
Embora um burburinho que outro fosse inevitável, o mar de gente que tomou Copacabana chamou a atenção da polícia - acostumada com os réveillons na orla carioca - pela tranquilidade com que a massa convivia. Um dos motivos do sossego era a rejeição ao álcool: não parece haver público menos interessado em encher a cara do que os peregrinos da Jornada Mundial da Juventude.
- Essa turma de Deus é sempre uma barbada para nós - sorria um soldado da PM.
O caso das jovens Irmãs Imaculadas de Santa Clara, que reúnem brasileiras, italianas e filipinas, era outro que surpreendia pelo chamado pensamento positivo. A noviça Valquíria Henriques da Silva, 24 anos, contou que elas haviam chegado ao meio-dia a Copacabana - não viram nem o solidéu do Pontífice.
- Amanhã, na encenação da Via Sacra, vamos chegar mais cedo: às sete da manhã - previu Valquíria, com as outras 12 irmãs concordando com a cabeça.
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