Geral | 09/05/2013 13h38min
Para a Comissão Nacional da Verdade (CNV), o atentado a bomba do Riocentro, em abril 30 de abril de 1981, tratou-se de um “tiro pela culatra”. Os militares arquitetaram as explosões, com o objetivo de incriminar grupos de oposição ao regime.
A conclusão é divulgada em texto da CNV publicado nesta quinta-feira, assinado por Cláudio Fonteles, após análise dos documentos que estavam com o coronel reformado do Exército Julio Miguel Molinas Dias, assassinado em Porto Alegre no ano passado. O conteúdo do baú do coronel foi divulgado em novembro de 2012 com exclusividade por Zero Hora.
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Em sete páginas, Fonteles descreve trechos de diálogos e outras anotações do acervo de Molinas, comandante do Destacamento de Operações e Informações - Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi) do Rio de Janeiro à época do atentado. A operação levou os militares ao centro de convenções Riocentro, no Rio, em 30 de abril de 1981, quando 20 mil pessoas se reuniam para um show musical pelo Dia do Trabalho.
A ação frustrada terminou com a explosão de duas bombas, sendo que uma detonou dentro do carro que estavam dois militares. O sargento Guilherme Pereira do Rosário morreu no local, enquanto o capitão Wilson Luiz Chaves Machado teve ferimentos graves, mas sobreviveu após ser socorrido.
Dividido em dias, horas e minutos, o acervo de Molinas descreve como o Exército tentou ocultar a trama. Fonteles conclui que o atentado foi “concebido e orquestrado para ser apresentado como ato terrorista insano a ser atribuído aos opositores do Estado Ditatorial Militar”.
Para Fonteles, como, após as explosões, o Exército não relacionou o atentado com grupos políticos de oposição, fica reforçado que a trama foi arquitetada pelos militares. “Antes, tudo é feito para por-se redoma em torno do episódio e as tratativas realizadas são de acobertamento e rigoroso controle”, descreve o texto da CNV, que encerra: “O Estado Ditatorial Militar engendra mais uma farsa”.
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