Após ser destituído do Poder Executivo no final da tarde desta sexta-feira, o presidente deposto do Paraguai Fernando Lugo discursou em Assunção e classificou o fato como um ferimento na história democrática paraguaia.

— A História paraguaia foi ferida profundamente. Foram transgredidos todos os direitos de defesa, de maneira covarde. Espero que seus executores estejam cientes da gravidade dos seus atos. Mesmo assim, como sempre atuei de acordo com a lei, ainda que ela tenha sido retorcida, como um galho fraco ao vento, me submeto à decisão do Congresso e estou disposto a defender meus atos — declarou, em frente ao Palácio do Governo.

Em seguida, Lugo defendeu que não seja negado à população o direito de manifestar suas opiniões. E que qualquer manifestação seja executada de maneira pacífica.

— Que o sangue dos justos não seja derramado nunca mais, no nosso país, por interesses mesquinhos — disse.

Lugo também declarou que se despede como presidente, mas não como cidadão do país.

— Hei de servir esta nação onde ela precisar de mim. Responderei sempre aos compatriotas, não ao tráfico ou à máfia. Temos um dever de solidariedade com a nossa história. Depois de quase quatro anos, este cidadão paraguaio quer agradecer profundamente a todos os paraguaios e paraguaias que depositaram seu tempo e trabalho para consolidar esta democracia que hoje vive o nosso país — frisou.

Finalizou o discurso agradecendo aos camponeses, trabalhadores e militares, além da imprensa.

— Esta noite, saio pela maior porta da pátria. Pela porta do coração dos compatriotas. Muito obrigado pelo apoio constante. Muita força. Muita força. Muita força. Viva o Paraguai! — concluiu.

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Entenda o caso

Ex-bispo católico, Fernando Lugo foi eleito presidente do Paraguai em 2008. O motivo para o pedido de impeachment — proposto ao meio-dia de quinta-feira e aprovado no final da tarde desta sexta — é o "mau desempenho de suas funções".

A maior razão que levou a oposição a desencadear o processo foi a execução de seis policiais e 11 sem-terra em um confronto que ocorreu na sexta-feira da semana passada, em Curuguaty, a 250km da capital Assunção.

A Câmara dos Deputados aprovou o pedido de julgamento político para destituir Lugo — por 76 votos a um. Na sequência, o Senado confirmou a decisão final para o impeachment para as 17h30min desta sexta. A condenação dependia da aprovação de 30 dos 45 senadores (dois terços).