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Política  | 13/06/2012 10h35min

Agnelo Queiroz afirma na CPI que grupo de Cachoeira tramou sua queda

Governador do Distrito Federal terá que explicar contratos do Estado com a Delta

Atualizada às 11h33min

Agnelo Queiroz (PT), segundo governador a depor na CPI do Cachoeira, começou a falar por volta das 10h30min.

A previsão é que ele tenha 20 minutos para fazer uma exposição inicial. Após, o relator irá questioná-lo e, em seguidas, os demais deputados e senadores poderão fazer perguntas ao petista.

Gravações feitas pela PF mostram integrantes do grupo de Cachoeira negociando propina para conseguir benefícios para a construtora no DF. Agnelo é suspeito de favorecer a Delta em contratos no governo, principalmente no recolhimento de lixo. Na quarta-feira passada, o governador rompeu os contratos com a empresa.

Agnelo deve explicar também sobre o crescimento do seu patrimônio desde 1998. Nesse período, a soma dos seus bens teria subido quase 12 vezes.

Nesta terça-feira, a comissão ouviu, por mais de oito horas, o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB).

Confira as principais declarações de Agnelo Queiroz na CPI:

10h48min:

Agnelo inicia destacando sua origem no Parlamento e da importância do trabalho de uma CPI. Ele ainda argumenta que está sendo vítima de uma armação:

— O grupo aqui investigado tramou a minha derrubada. Um governo legitimamente eleito. E não agiu só, valeu-se das falsas acusaçãoes levadas aos noticiários, valeu-se de vozes políticas. Não há no documento (o requerimento de convocação) a indicação de um único fato de que eu tenha favorecido o grupo e a empresa Delta. A história que trago hoje é de um governo que vem sendo perseguido pelo crime organizado. A história de um governante que resiste e trabalha. Meu objetivo é colocar novamente o governo do DF a serviço da população do DF. A delta tem somente um contrato com o governo do DF, a de coleta de lixo. Esse contrato foi assinado no governo anterior e ainda assim por uma decisão da Justiça. Esse contrato foi assinado em 09 de dezembro de 2010. Portanto, antes de minha posse. Quero esclarecer um fato, de quando eu era governador eleito, que tenho que responder porque eu assinei um ofício que garantiria a Delta no governo do DF. Assinei o ofício em 15 de dezembro de 2010 — disse Agnelo.

No ofício, na época de transição do governo, Agnelo argumenta que pedia a prorrogação dos contratos já existentes do governo. Segundo ele, o contrato da Delta não estava contemplado no ofício enviado por ele ao então governador Rogério Roso.

— Há três hipóteses para que tenham dito que eu favoreci a Delta antes de minha posse ao assinar esse ofício: a primeira é não leu o documento. A segunda, leu e não entendeu. A terceira, leu, entendeu, mas movimento por interesses partidários resolveu me atacar de forma leviana. Essa é uma prática recorrente e mentirosa. O objetivo claro era desgatar a imagem do governador até o limite do impossível —  disse o governador do DF.

10h58min:

Lendo seu depoimento, Agnelo fala das medidas que tomou para resolver problemas encontrados em contratos.

— O governo eleito pelo povo do DF em 2010 não era amigo do grupo de gestões do passado. 26 dias após assumir, determinei uma auditoria nos contratos. Um deles era do serviço de lixo — disse o governador.

Agnelo repassa ao presidente da CPI os documentos em que determinou as auditorias e também o relatório final. Segundo ele, a auditoria identificou diversos problemas na execução e fiscalização do contrato da Delta no serviço de varrição de rua.

— Feita a auditoria, foi aberta sindicância para investigar os fiscais do contrato — disse.

Segundo o petista, o SLU toma novas medidas para resolver os problemas:

— O processo de ajuste começa em junho de 2011. Aqui uma eloquente cronologia que infelizmente não foi vista por alguns veículos de comunicação. Há nos autos gravações em que o senhor Carlos Cachoeira e seu grupo falam muito mal de meu governo. O grupo precisava de controlo sobre o SLU ou pelo menos na fiscalização dos contratos. Com a fiscalização apertada, e foi meu governo que apertou, a Delta era obrigada a cumprir o contrato e o preço se tornou para ela desvantajoso.

Agnelo argumenta que o Cachoeira fala, nos áudios das gravações, com ódio de seu governo.

11h15min:

Para Agnelo as gravações da Operação Monte Carlo foram divulgadas de forma descontextualiza e premeditada. Ele ainda tenta fazer relações de Cachoeira com o senador Demóstenes Torres, que teria pedido seu impeachment:

— Hoje eu compreendo porque o senador Demóstenes Torres protocolou pedido de impeachment contra mim.

O governador busca em exemplos de ações do governo a sua defesa:

— O grupo de Cahcoeira tentou fraudar uma licitação no sistema de bilhetagem no DFTrans. Tentou e não consegiu, porque o DFTrans não prossegiu com a licitação. Quando assumi resolvi que o Estado retomasse o controle sobre a bilhetagem. Como falar de Cachoeira operando licitação no GDF. Ora se ele tivesse ligação com o governador, precisaria contratar lobbistas para chegar até a secretaria de Transporte. Até abril de 2011 não contrataram nenhum gari. Em outubro de 2011 pediram meu impeachment. A partir de janeiro deste ano armavam para me derrubar. Queriam me derrubar e isso está clarissímo nas gravações porque estava impedindo que o grupo entrasse no DF. Que ato do governador favoreceu a esse grupo? Que negócio eles fizeram? A licitação do sistema de bilhetagem não saiu porque meu governo resolver enfrentar o problema do transporte público no DF. Hoje é a maior licitação de transporte público no país. O DF tem 52 anos e até então nenhum outro governador teve coragem de enfrentar o oligopólio que humilha os trabalhadores diariamente.

O petista afirma que trabalha contra o crime organizado e a corrupção e que irá resistir aos ataques que vem sofrendo:

— Um caminho distante do crime, do compadrio, da corrupção. Nesse 1 ano e 6 meses de mandato tenho enfretado todo o tipo de sordidez que se pode imaginar. Ataques pessoais, inclusive a minha família. Além de criminosos são covardes. Quero dizer que vou resistir. Espero que haja responsabilizações. Vou reconstituir o poder político com bases republicanos. Vou cumprir a missão para a qual fui eleito em 2010. Tenho minha consciência tranquila. A sociedade de Brasília me conhece e sabe da situação em que herdei a cidada.

11h32min:

Agnelo Queiroz fala sobre a precária infraestrutura que encontrou ao assumir o governo do Distrito Federal. Ele argumenta que na área de saúde encontrou um verdadeiro caos e para resolver o problema está contratando servidores.

O petista se encaminha para o final de sua fala exaltando todas as ações que tem

— A minha missão é recuperar a credibilidade das instituições do DF e devolver a autoestima à população.

Agnelo Queiroz finaliza falando sobre seu passado, sua biografia e tenta explicar seus rendimentos:

— Não admito ser medido pela régua de outros políticos que passaram pelo DF. Trabalho honestamente, e junto com minha esposa tenho renda suficiente para pagar minhas despesas e meus bens. Meus adversários são crueis. Tentam me atacar pessoalmente de forma violenta e desonesta. Tentam me envolver em escândalos. Sei que não é usual o que uma testemunha fazer o que farei agora. Coloco à disposição da CPI meus sigilos fiscais, bancários e telefônico. Quem não deve não teme — diz Agnelo.

E é aplaudido pelos seus colegas, tendo o presidente da CPI que intervir para conter a euforia.

— Ao final de meu governo entregarei um DF mais moderno — encerra o governador suas explicações às 11h32min.

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