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Política  | 12/06/2012 10h22min

Perillo diz na CPI que nunca manteve relação de proximidade com Cachoeira

Governador de Goiás deverá esclarecer a deputados e senadores relações com contraventor

Atualizada às 11h51min

O governador de Goiás, Marconi Perillo, começou seu depoimento na CPI do Cachoeira por volta das 10h30min desta terça-feira.

— Venho até essa comissão de cabeça erguida. Aqui estive pessoalmente para entregar ofício ao presidente me oferecendo para prestar esclarecimentos à comissão, ao Congresso, ao povo de Goiás e à imprensa. Estou sendo vítima de toda essa situação e venho aqui para restabelecer a verdade dos fatos — foram as primeiras frases dita pelo governador aos integrantes da CPI.

Aos gritos de "Marconi, Marconi", Perillo, chegou por volta das 9h50min para depor na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Cachoeira.

O governador veio acompanhado de inúmeros correligionários que o seguiram durante todo o percurso até a sala da CPI.

No entanto, a chegada não teve só aplausos. Um grupo de estudantes do Movimento Fora Marconi vaiou Perillo. Gritando palavras de ordem e usando nariz de palhaço, os estudantes acusavam os seguranças do governador de tê-los agredido. O clima ficou tenso e a Polícia do Senado colocou-se entre os dois grupos, para evitar o confronto.

Perillo deverá ser questionado pelos integrantes da CPI sobre a venda de uma casa em Goiás. No local, posteriormente, foi preso o contraventor Carlinhos Cachoeira.

Perillo antecipou nesta segunda-feira que levará extratos bancários que comprovariam a venda por R$ 1,4 milhão, recebidos em cheques.

Confira os principais trechos do depoimento de Perillo: 

10h55min

Perillo iniciou seu depoimento falando de sua vida política:

— Construí minha trajetória política em longa caminhada. É uma vida inteira de dedicação e atitudes transparentes e sem máculas. Não fosse isso, não teria chegado pela terceira vez ao governo do meu Estado. Muitos não se conformam com isso e tentam descontruir isso. Rompemos com o atraso num pacto de confiança mútua entre os setores produtivos. Pelo 12º mês consecutivo, Goiás foi o Estado que mais cresceu na Indústria.

O governador também destacou todas as ações e programas que implementou em seu governo e se disse vítima de ataques planejados:

— Estou sendo vítima de uma grande injustiça, com ataques. Não conheço algo parecido no país desde que reconquistamos a democracia. Não consigo acreditar em tamanha crueldade. Respeito a liberdade de imprensa. Porém, há muitas informação fragmentadas e descontextualizadas. Elas tendem a promover pré-julgamentos que podem promover injustiças. A história comprova. O ex-deputado Ibsen Pinheiro foi um dos que foram vítimas de informações vazias. A honra desses homens públicos foi manchada por informações comprovadamente inverídica.

Perillo ainda disse que não vai permitir discriminação com Goiás:

— Mais que o meu patrimônio moral, defendo aqui o orgulho de ser goiano. Pedi para falar aqui em respeito, primeiramente, ao povo do meu Estado. Disse a meu advogado, "se eu não for a CPI eu abandono a vida pública porque não teria coragem de olhar nos olhos dos meus conterrâneos". Não posso aceitar qualquer discriminação que venha apequenar meu Estado.

E ainda afirmou que não era amigo de Cachoeira:

— Nunca mantive qualquer relação com o senhor Carlos Ramos. Mais de 3 mil ligações e nenhuma ligação de Carlos Ramos para o meu telefone, apenas uma ligação de meu gabinete a ele no dia de seu aniversário. Se ele fosse meu amigo, teria acesso ao meu telefone. Reitero: nunca mantive nenhuma relação de proximidade com o senhor Carlos Ramos, embora ele tivesse trânsito livre entre muitos políticos.

Estava num evento social e telefonei a ele. Não para um contraventor, mas para um dos maiores empresários do Estado e de um dos principais laboratórios do Estado. Disse que se ele me ligasse eu o atenderia.

11h05min

Perilo fala sobre os contratos do governo de Goiás com a Gerplan, de Carlos Cachoeira, que gerencia a loteria estadual. Segundo ele, os contratos tiveram início em 1995, antes de sua primeira eleição para o governo de Goiás.

Perillo, diz que antes mesmo de assumir, em 1999, os contratos com a Gerplan já haviam sido aditivados. Em 2004, a União proibiu os caça-níqueis e que a partir de então, as loterias deixaram de exisitir:

— Desde lá, a polícia goaina tem agido incessantemente contra os caça-níqueis. Isso comprova que o grupo de Cachoeira não teve benefícios em meu governo. O número de ocorrência e de máquinas caça-níqueis apreendidas aumentaram desde o início do meu terceiro mandato. Uma das gravações comprova que o seu Carlos Cachoeira reclama da ação da polícia goiana. Isso comprova que meu governo agiu contra o crime organizado.

11h18min

Sobre as relações do governo de Goiás com a Delta:

— Com relação à Delta, dos 140 processos licitatórios, 19 foram vendidos pela empresa. Sete em minha gestão. Um dos contratos teve rescisão amigável recentemente. Das licitações para construção de rodovias, a Delta venceu dois, com um desconto de R$ 9 milhões. Contratos recentes foram alvos de glosa por não excuação. O contratato mantido pela Secretaria de Segurança Pública foi aditivado recentemente porque já há um novo edital sendo elaborado. No contrato de Obras Públicas no valor de R$ 1,128 bilhão, a Delta tem 4% deste montante. Com esses números, resta evidente que não houve manipulação de licitações. Até agora, falou-se de uma casa de minha propriedade. No entanto, não há nenhuma acusação contra meu governo. Não há propina no meu governo. E desafio a fazerem uma auditoria em meu Estado — afirmou o governador.

Sobre a suposta influência de Cachoeira na indicação para cargos do governo goiano, Perillo disse que dos milhares de servidores do Estado, seis foram citados nas gravações. Ele negou qualquer influência do contraventor nas indicações e argumentou que a meritrocacia é usada na escolha de servidores:

— Desde o ano passado, institui o critério da profissionalização dos gerentes do governo. Todos são escolhidos pela meritrocacia.

O governador entregou ao presidente da CPI os decretos que versam sobre a meritocracia, a ficha limpa e contra o nepotismo.

11h38min

Sobre a venda da Casa onde Cachoeira foi preso, Perillo entregou a escritura de compra. Ele afirmou que só pode comprar a residência por meio de empréstimo, que teria sido quitado após a venda.

Perillo afirmou que a casa foi colocada à venda por meio de anúncio em classificados publicados em jornais goaianos. E que recebeu por ela três cheques: para março, abril e maio, que foram compensados. Perillo apresentou cópias dos cheques e dos comprovantes de depósitos.

No momento da escritura, segundo Perillo, Wladimir teria dito que não teria dinheiro e que o negócio havia sido passsado a Valter Paulo.

Perillo leu depoimento de Wladimir Garcez na CPI e disse que errou ao não se deter em quem era o emitente dos cheques.

— Vejo como ato constrangedor e não usual, abordar o comprador e exigir dele de onde vêm os seus recursos. Eu só fiquei sabendo que Wladimir Garcez usou de empréstimos de terceiros para comprar a casa. Eu não sabia e nem tinha o dever de saber. Não vendi qualquer bem do Estado, mas um imóvel de minha propriedade. Vendi pelo valor de mercado — afirmou.

Perillo também entregou documento com avaliações do imóvel feitas à época da venda. E reiterou que tudo foi feito de forma legal:

— Declarei tudo em meu imposto de renda. Jamais teria feito isso se o negócio fosse ilegal. Se alguém tirou vantagem com o negócio, foi sem meu conhecimento. Eventuais acertos pelo ex-vereador e o empresário foram sem meu conhecimento. Venho repetindo exaustivamente a mesma declaração. É incrível que eu tenha que responder pela venda de um imóvel meu e dentro da lei. Para que não paire dúvidas: anunciei a venda, recebi e aceitei a proposta, recebi os cheques, que foram compensados na minha conta pessoal. Cobrei a escrituração de Waldimir, que disse ter repassado a Valter Paulo. Este exigiu um representamente meu para a escrituração.

11h47min

Perillo negou ter feito pagamentos ao jornalista Luiz Carlos Bordoni:

— Minhas contas foram aprovadas. Todas as minhas contas de campanha foram feitas dentro do que determina a lei. Nunca realizei pagamento a quem quer que seja, pois isso compete ao coordenador do comitê financeiro.

Ele ainda disse ter entrado com ação de indenização contra o jornalista na Justiça. Perillo reiterou que está tudo dentro da lei.

O governador ainda negou que haja ilegalidade nas declarações de bens no seu nome e de sua mulher apresentadas durante a campanha eleitoral de 2010.

— Não omiti bens, apenas cumpri o que determina a lei. À frente do governo de Goiás em três mandatos sempre me pautei pela legalidade e transparência e moralidade. Tenho a consciência tranquila de que tudo o que fiz foi de conduta idônea.

Às 11h46min, Perillo encerrou seu fala. O presidente da Comissão, Vital do Rêgo, concedeu a palavra ao relator, deputado Odair Cunha (PT-MG).

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